AGENDA CULTURAL

8.3.12

Se os reis magos fossem mulheres

Hélio Consolaro

Dia 6 de janeiro, comemora-se o Dia de Reis, quando os reis magos Baltazar, Belchior e Gaspar, quando visitaram Menino Jesus. Eles são santos meio esquecidos pela igreja católica, mas o povo de Nova Lusitânia, Gastão Vidigal, Santo Antônio do Aracanguá e arredores promovem muitas comemorações, folias e festas. Santos da alegria.

A Bíblia cita apenas “uns magos”, que não eram reis e sim magos, sacerdotes ou conselheiros. Também não diz quantos eram, dizem-se três pela quantia de presentes oferecidos. Tais magos tinham grande conhecimento dos astros, seriam astrólogos ou astrônomos (calma, Paulo Coelho não havia nascido ainda). Sem querer, os Reis Magos denunciaram a existência do Menino Jesus a Herodes, quando foram buscar informações.

Até que os magos chegassem ao local onde estava o menino, já havia se passado algum tempo, por causa da distância percorridas. Presume-se que seja num outro ano, Menino Jesus já estava andando.

Estes magos ofereceram três presentes ao menino: ouro, incenso e mirra. O ouro pode representar sua posição de rei, ou então, pode ter sido providência divina para sua futura fuga ao Egito, quando Herodes manda matar todos os meninos até dois anos de idade. O incenso pode representar que Jesus seria um homem de oração. A mirra é uma especiaria usada como analgésico, este presente remete à sua crucificação em que Nicodemos oferece vinho misturado com mirra para aliviar as dores.

Gaspar é negro e representa a África e Índia, Belquior a Pérsia e Baltazar a Arábia. Assim, todo o mundo da época estava representado na reverência do presépio.

E se os Reis Magos fosse mulheres? Aí a coisa complica, caro leitor. Essa possibilidade está na peça teatral escrita por Renata Pallottini: "As Três Rainhas Magas".

Dizem as mulheres que as rainhas não teriam se perdido, por isso haveriam de chegar na hora certa, feito o parto, limpado o estábulo, levado presentes mais úteis. Além disso, elas teriam levado algo para comer.

Mas os homens afirmam que se os reis fossem mulheres, a fofoca teria corrido solta. Imagine, então, caro leitor, algumas falas das rainhas:

- Você viu que as sandálias da Maria? Não combinam com a túnica!

- O menino não se parece nenhum um pouquinho com José!

- Virgem? Não me faça rir! Eu conheço a Maria desde a faculdade…

- Nossa! Como podem viver assim, misturados com os bichos!

- Dizem que o José está desempregado!

- O pobre do jumento está nas últimas!

- Espero que eles me devolvam o “tupperware” que eu levei com a torta…

Rainha não é apenas feminino de rei, nem se reduz a um exercício gramatical. Mudar o gênero é mudar o mundo. Para pior ou para melhor? Freud não explica e nem mesmo Deus sabe!

(Crônica publicada em 2006)

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