10.5.07
Mãe do Blog do Consa
Hélio Consolaro
Mas em todo caso / Quando a vida está/ Mais dura, mais vida,/ Ninguém como a mãe/ Para agüentar a gente (...) Mário de Andrade
Mês de maio começa com M de mãe, de Maria. Domingo é Dia das Mães. Um dia comemorado com muitos lugares-comuns, como: mãe só tem uma, e presentes que traduzem o agradecimento do filho por estar vivo. É a emoção pondo em movimento a roda da razão, a economia. Dia das Mães só vende menos que o Natal.
Mãe aquela que gera um monstrinho, mas não cansa de exercitar nele a auto-estima, dizendo:
- Bonitinho da mamãe!
A coruja gabando o seu próprio toco.
Por isso, assassinar a própria mãe é um crime horrendo. Não sabemos se condenamos o filho assassino ou a mãe desnaturada que não soube se fazer amada por sua cria.
Antigamente, uma mãe tinha até 12 filhos, uma ninhada, sexo e procriação era uma coisa só. Ela esquecia-se até dos nomes deles, mas alguns morriam, nem todos sobreviviam às doenças. E os últimos eram excepcionais, filhos de ventres provectos.
Na verdade, criar um filho na sociedade urbana não é tarefa fácil, porque o bebê é muito frágil e sem os cuidados maternos sua sobrevivência é quase impossível. A mãe ensina tudo, até a andar.
Já me disseram que mãe é um mal necessário, porque embalaria a própria morte se fosse filha dela. A mãe cria e passa todos os seus defeitos aos filhos, que ficará repleto dos antigos valores e costumes, dogmas e tradições.
Se a mãe quisesse, segundo o psiquiatra José Ângelo Gaiarsa, seria uma revolucionária, deixaria o mundo menos machista, porque é ela que cria todos os homens, mas a mãe opta pela Tradição, Família e Propriedade.
Como escreveu Millôr Fernandes, para ser mãe, a carreira mais difícil do mundo, não se pede exame psicotécnico, nem faculdade e nem atestado de antecedentes criminais, basta ser do gênero feminino.
A graça da vida está em suas contradições e nos imprevistos. Pessoas totalmente assépticas, sem problemas, criadas em chocadeiras, seriam chatas, como aquelas crianças do romance de ficção científica “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, em que o Estado faz a programação genética da população, conforme as necessidades do mercado de trabalho, e cria as novas pessoas afastadas das famílias. Assim, elas não têm traumas nem problemas, mas por conseguinte são totalmente sem poesia e emoção.
A todas as mães, os parabéns do Blog do Consa, porque essa coluna é feminina. E Dona Augusta, minha mãe, é mãe de todos os textos publicados aqui.
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