AGENDA CULTURAL

1.6.07

Virada Cultural


Hélio Consolaro

Hoje, caro leitor, amanheci meio atacado, com vontade de chutar o pau da barraca, puxar as orelhas de alguém.

Meio atrasado, mas vou falar da Virada Cultural Paulista. Participei dela como espectador, gostei da iniciativa, foi muito bom. Claro que houve falhas, podia ser melhor...

Não quis saber se era coisa do governador Serra, do prefeito Maluly Neto, fui para a galera, porque a arte e a cultura não devem ser neutras, mas também perdem quando se tornam engajadas demais. E além disso, eles eram apenas os promotores do evento, com dinheiro público, claro. E se era público, era meu, seu, de todo mundo.

Escrevo isso porque há gente com rancores entre nós. Se seu candidato perdeu a eleição, tudo que o vencedor faz não presta, está roubando, não tem elogios aos adversários, não sabemos separar o joio do trigo.

Dei os parabéns para o secretário Alexandre Sônego pessoalmente e se tivesse encontrado o prefeito Maluly Neto naquele fim de semana, faria o mesmo. A vida é tão frágil que não vale a pena perder um bom momento dela por picuinhas.

Há tanta gente mal-humorada que diz:

- Em Araçatuba não tem nada!

Quando tem alguma coisa, não comparece, vira as costas para o evento, prefere ficar em casa, curtindo a novela da Globo. Falta-nos aquele sentimento de aldeia. Se está acontecendo aqui, precisamos valorizar.

Encontrei muita gente que nem tomou conhecimento, nem ficou sabendo da Virada Cultural. Gente granfa, cheia de pose. Certamente, estava preocupada com a Guerra no Iraque. Há gente assim, sabe tudo que acontece no mundo, e não fica sabendo que seu vizinho morreu na semana passada.

Às vezes, a realidade mudou, nós nem percebemos, por isso ainda elogiamos Penápolis, quando na verdade, Birigüi e Araçatuba são hoje os pólos culturais da região, com a presença do Sesc e do Sesi. Aquela cidade murchou culturalmente depois do fechamento da galeria da Itaú Cultural. Foi uma pena.

Vou endossar aqui a idéia do Alexandre Melinsky: Por que não fazer a Virada Cultural Araçatubense, com muitos shows pelos bairros da cidade? Mas por favor, pague alguma merrequinha para os artistas convidados (locais e regionais), porque esse negócio de a secretaria de Cultura ir só na veia dos agentes culturais precisa acabar. Aquilo não é casa de caridade...

Afinal, fazer cultura não é só trazer valores de fora, precisamos criar nossos artistas. Tirar a molecada das garras do traficante e colocá-la no centro comunitário, fazer que meninos e meninas aprendam a se expressar pela arte.

Nenhum comentário: