AGENDA CULTURAL

2.8.07

Objetivos do Enem


Hélio Consolaro

A implantação do Exame Nacional do Ensino Médio aconteceu em 1998, timidamente, na administração de Fernando Henrique Cardoso, quando era ministro da Educação Paulo Renato Souza (hoje, deputado federal) e tinha como objetivo “servir de referência para auto-avaliação em competências e habilidades”. Naquele ano, inscreveram-se 150 mil estudantes, concluintes do ensino médio.
O exame era muito questionado pelo mundo acadêmico, por isso, em 2003, com a vitória de Luís Inácio Lula da Silva, tendo como ministro Cristovam Buarque, havia uma certa rejeição pelo Enem. Ele correu o risco de ser eliminado, mas a sua necessidade se impôs. Num segundo momento, o governo Lula adotou plenamente o Enem (mais que FHC) e modificou o seu perfil, hoje, em futuro próximo poderá ser o substituto dos exames vestibulares. Passou a ter os seguintes objetivos:
1) servir de referência para auto-avaliação em competência e habilidades (manteve-se);
2) servir de modalidade alternativa para acesso ao ensino superior;
3) exame para servir de acesso ao mercado de trabalho (este objetivo foi o menos atingido até o momento);
4) seleção para as bolsas do ProUni;
5) avaliação do sistema, divulgação dos resultados.
Em 2006, foi registrado recorde de inscritos (3.743.370) e participantes (2.784.192). E nenhuma escola quer ficar mal classificada no Enem.

Fundamentos teóricos do Enem

O exame trabalha basicamente com a transferência de aprendizagem, quem apenas memoriza, decora não se sai bem nele. O seu foco está em competências e habilidades, avaliando a capacidade cognitiva do estudante e sua forma de lidar com o conhecimento. Vestibulares da Fuvest e Unesp estão também nesta direção. Os da Unicamp estão nesta caminhada há algum tempo.

Há 63 questões, três para cada uma das 21 habilidades. Elas são contextualizadas, o aluno sempre está diante de uma situação problema. As escolas que se baseiam suas aulas apenas em conteúdo não estão preparando seus alunos para se saírem bem no Enem.

Em Português, por exemplo, em vez de ficar exigindo nomenclaturas e análise sintática, como: orações adjetivas (explicativa e restritiva), remete-se tal conhecimento para a pontuação de um parágrafo. O conteúdo é dado, mas exige-se a aplicação dele.

Na atualidade, diante de tanto conhecimento acumulado pela humanidade, a escola precisa ensinar o aluno a pesquisar, onde e como procurar, ou seja, “aprender a aprender”.

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