AGENDA CULTURAL

5.10.07

Cidade da tubaína


Hélio Consolaro

O boteco Bate Forte, na sexta-feira, comemorou mais um Dia Nacional da Cerveja. Faca Amolada e Caneta Louca atendiam aos pedidos que vinham aos gritos.

- Uma cerveja bem gelada!

- Uma porção de calabresa!

Seu Sugiro gritou lá da calçada:

- E também tem espetinhos de filé miau!

E os pedidos de espetinhos pululavam, para alegria do churrasqueiro japonês.

A dupla Marmita & Passa-Fome animava os barrigudinhos. Como havia uma turma de Birigüi visitando o Bate Forte, começaram a cantar a música do grupo Tubaína: “Voltar para Birigüi”:

- Eu dava duro numa indústria de calçado / Pra tomar cerveja num boteco lá do lado/ E quando o Bandeirante foi pra 2.ª divisão/ Eu enchi a cara e fiz a maior confusão!

E a gritaria de festa foi grande, pois o Bate Forte estava estufado de gente.

O primeiro gole era sempre para o Santo Onofre, mesmo que a cerveja fosse sem álcool, como ocorria com o Subversivo. Os barrigudinhos olhavam para imagem e molhavam o piso, para desespero de Dona Assunta, que vivia com rodo e pano à mão, enxugando o chão. Amelinha na caixa, recebia bastante. Era começo de mês.

- Aqueles caras da Câmara Municipal aprovaram a “lei seca” em Birigüi, o toque de recolher às 23h. Não querem bares abertos – disse um birigüiense!

- Mas os bacanas podem, porque lanchonete, pizzaria, restaurantes ficarão abertos. Preconceitos contra pobres! Só boteco que não pode! – gritou outro birigüiense.

- Então, vocês vêem para Araçatuba, ué! O Bate Forte está aberto para os barrigudinhos de Birigüi... – disse Faca Amolada.

- O duro é a volta, né parceiro! – respondeu um da turma de Birigüi.

- Também, vocês criaram uma música que canta: em Birigüi apenas se toma tubaína! É nisso que dá!

Gargalhadas gerais. E Marmita & Passa-Fome continuaram:

- Foi há muito tempo que saí de Birigüi / Com a intenção de me dar bem por aqui / Mas nesta cidade não encontro tubaína / E todo santo dia é barulho de buzina!

O Miltão, mais pra lá do que pra cá, provocou a turma de Birigüi:

- Escuta aqui, como vão as sombras dos prédios de Araçatuba? Estão frescas, gostosas...

Foi riscar fósforo em gasolina. O pau quebrou, cadeiras voadoras faziam o seu percurso no ar. Burguês gritou:

- Parem! Essas besteiras entre Araçatuba e Birigüi se acabaram, gente! Hoje, somos todos manos, meu!

- E pra acabar com essa rixa, por favor se abracem! Como os barrigudinhos de Birigüi visitarão os botecos de Araçatuba, se são recebidos com insultos!

E terminou sua fala:

- E rodada por conta casa!

Foi uma festa geral!

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