AGENDA CULTURAL

2.12.10

Cupim casqueirado, caldo do artista e padre Ângelo




Dedico esta crônica ao prefeito Cido Sério, ao Mauro Rico, ao Carlos Nova, à Elisandra Corte Cuine e ao Roberto Isssamu Hassegawa

Há pessoas que, às vezes, têm certa formação escolar, até acadêmica, mas falta-lhes a sensibilidade para valorizar a nossa cultura local, como nossos artistas, nossos escritores, nossa culinária, nosso folclore. Parecem que mora na cidade, mas não pertencem a ela.

Tais criaturas acham que morar em Araçatuba é ter uma casa boa, carrão, rancho. Se não os tiver, há uma cobiça, uma inveja, um desejo ardente de tê-los. Passam por cima de uma florzinha na calçada, pisam-na, sem perceber que ela faz parte de nossa flora. Talvez nem saibam que a onça e a jaguatirica pertençam à nossa fauna. Passam por essa vida numa correria danada, acumulando coisas e se esquecem de valorizar os detalhes de viver. De repente, descobrem que o filho é viciado em droga e nunca desconfiaram. 

Há gente que está espezinhando a Câmara Municipal de Araçatuba porque está discutindo a adoção oficial do cupim casqueirado e caldo do artista como pratos típicos de Araçatuba. Será que a comida que nos alimenta diariamente é um tema menor? 

O legislativo municipal deve ser um guardião da memória de seu povo, pois precisamos amar as nossas idiossincrasias, aquelas particularidades que nos identificam como comunidade. Podemos criticar os vereadores por outras coisas, não por isso.
Cidade não é um amontoado de ruas e prédios, ela precisa ter alma própria, ser amada como tal. Exemplo: quais são os motivos que 180 mil habitantes se juntam num lugar chamado Araçatuba, formando, como as abelhas, uma colméia? Seria só a economia? O dinheiro no banco?  O emprego? Ou temos um vínculo emotivo, cultural, pois cada um tem a tribo e a família em Araçatuba.  Precisamos ter orgulho de morar e de pertencer à cidade.

Roberto Issamo Hassegawa e Elisandra Corte Cui escreveram e organizaram um livro sobre a vida do padre Ângelo Rudello. Uma homenagem, um sinal de gratidão dos escoteiros de Araçatuba ao clérigo, registrar a memória da cidade. Alguém pode perguntar: que fez esse padre por merecer um livro sobre sua vida?

Ele educou gente, foi amigo de crianças e adolescentes, dedicou sua vida à comunidade onde morou por muitos anos e por isso mora no coração de uma multidão de araçatubenses. 

Valorizar a cultura local, aquilo que é nosso, é também uma forma de ser global, porque o universal se realiza no particular. A vida de cada um começa no município, aqui vivemos o nosso cotidiano, aqui moram nossos amigos e familiares. Começemos a amar o planeta por aqui.

Discutir o cupim casqueirado e o caldo do artista não é perda tempo, não é falta de assunto, é, sim, voltar os olhos para nossas particularidades, àquilo que nos dá identidade cultural.

*Hélio Consolaro é secretário municipal da Cultura.   

3 comentários:

Patrícia Bracale disse...

É por amor a Ata City q/ adoro ser chamada de Caipira do Mato.
Estudar na escola Cristiano Olsen onde meu pai estudou e desejar q/ meus filhos tbém estudem lá.
Ter histórias maravilhosas q/ só acontecem neste nosso interior.

Beatriz Nascimento disse...

Confesso que fui conhecer mais minha cidade depois que saí dela. Nunca provei cupim casqueiro e caldo do artista, nem ouvi falar do padre Ângelo Rudello.
Amo Araçatuba, lá estão minhas raízes, pouco a pouco vou descobrindo coisas sobre ela, vejo-a crescer pelos jornais e blogs e me sinto orgulhosa!
Grito aos sete ventos: SOU ARAÇATUBENSE!

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...

O mais lamentavel de tudo é ter que dar ouvidos , levar em consideraçao o que este bando de anarfa fala por ai. Uma resposta para essa gente é pura perda de tempo. Uma vez babaca, sempre babaca.