AGENDA CULTURAL

6.5.11

Sua casa, sua cara


Hélio Consolaro*

A minha casa, até outro dia, enfeava o quarteirão. A pintura estava ruim, mal-ajambrada, embora não houvesse sujeira e ar de abandono em sua calçada.

Existe até um ditado popular a esse respeito: casa onde há goteira, o amor entre o casal, que a habita, anda mal das pernas.  Você, caro leitor, pode dizer:

- Isso é crendice! Superstição...
Esta supera-se - sujeira por todos os lados - em funcionamento
 Não. Porque a falta de cuidado de um prédio habitado revela algum problema de relacionamento entre seus habitantes. E ninguém conserta o telhado.

Tenho o hábito de caminhar de manhã. Só caminhando a pé, de bicicleta, se conhece bem a cidade. Passar de carro pelas ruas, às vezes, na correria, a única coisa que é possível perceber é se o asfalto está mal ou bem conservado.  

Nas minhas caminhadas, vejo casas bem cuidadas, empresas ajardinadas, mas parte delas não cuida das calçadas, tem entulhos envelhecidos, matagal. Revelam um morador ou empresário relaxado.  
A calçada dessa empresa está intransitável - ela está em funcionamento

Conheço duas empresas, em funcionamento, de meu percurso de caminha, que estão tomadas pelo mato, a pintura não é refeita há décadas, elas estão enfeando a cidade. Aspecto de decadência. Nessas, não entro. Não sou e nem serei cliente delas.

Já morei em casas bem simples com meus pais. Casa de chão batido, mas varrido, a cinza passada. O alumínio dependurado na prateleira da cozinha brilhava, eram areados com tijolo moído. Não estou falando de luxo, me refiro a zelo.

Às vezes, o espaço público está bem cuidado, mas, o particular revela imundície. Outras vezes, ocorre ao contrário. Quando o particular e o público se entrelaçam? A toda hora. A divisão é artificial.
Essa empresa é um jardim - muito bem cuidada - parabéns!

A empresa SIM, além de considerar o cliente com a limpeza,
expressa sua ideologia na placa 
Se as unidades da saúde pública não funcionam, minha família fica prejudicada. É o público prejudicando o particular. Uma calçada intransitável prejudica os pedestres, os caminheiros. É o particular prejudicando o público.
Empresa bem cuidada! Também é um jardim

Se os banheiros da rodoviária revelam a cara da cidade, a casa é a cara de seu morador. Dizem que até os cachorros se parecem com seus donos.

Dê uma olhadinha em sua casa, caro leitor. No seu quintal, porque a sujeira dele pode ser a doença de seu vizinho. Você pode estar fazendo um marketing negativo de si mesmo, apresentando uma casa suja, relaxada. Repito: não estou me referido a luxo, mas a limpeza.

Carro malcuidado, calçada esburacada, casa com a ar de abandono revelam bem a personalidade do dono.   

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário da Cultura de Araçatuba.

3 comentários:

Palhaço disse...

Po Professor então nossa cidade esta perdida se depender do banheiro da rodoviária Rsrsrsrsrs até que na minha vizinhança o pessoal todo parece estar legal, tirando um terrenão aqui do lado que era (ou é) de uma construtora , o restante ta tudo fixe( como diriam os portugueses)agora meu carro confesso estar precisando de uma reforminha hhuahuahua o opalão vai agradecer!!!

Mônica HS disse...

Parabéns Hélio
Você disse tudo! Tenho a mesma opinião a respeito.

Felício Ferraz disse...

Não é muito difícil encontrarmos calçadas tomadas por matos, lixos, entulhos em nossa cidade. Posso citar como exemplo a calçada do Asdaea e da Escola municipal Henny Ferraz Homem, ambas no bairro Ipanema, que são caminho da minha casa. É uma vergonha para nossa querida cidade a situação das calçadas.