AGENDA CULTURAL

24.1.12

Cidadão encrenqueiro


Hélio Consolaro*


Ser cidadão é conhecer os direitos, mas antes devemos cumprir nossos deveres. Assim dizia Mahatma Gandhi, meu guru. O cumprimento dos deveres é uma senha que facilita a cobrança dos direitos.

Cidadão consciente, crítico, base da democracia, não é sinônimo de encrenqueiro, criador de caso. Acha mil defeitos em todos e se acha um poço de virtudes. Infelizmente, em nossa sociedade, que prima pelo respeito à pessoa humana, encontra-se cada figura, parasita. E temos o dever de aturá-los, sustentá-los.

Há uma tipologia infinita de encrenqueiros, em ambos os gêneros, sujeitos pesados na convivência social, os eternos conspiradores ou se julgam vítimas da conspiração, desconfiam de tudo e de todos, aliás, não confiam na própria sombra. Sempre estão maldizendo alguém numa roda de conversa. É só fazer uma perguntinha sobre o passado de cada um, descobre-se onde está a causa do desajuste.   

- Lá vem o chato! Lá vem o mala!

Não gosto de julgar os outros, porque eu também tenho milhões de defeitos, mas as palavras do Meritíssimo Emerson Sumariva Júnior, Juiz Eleitoral de Araçatuba, reproduzidas por jornais, têm dito algumas verdades e me assanharam a escreve este texto, o trecho seguinte foi excelente:

Não podemos mais, em plena geração avançada, materialmente falando, ficarmos presos em conceitos e valores mesquinhos, dando importância para pessoas  fofoqueiras, maldosas, que não conseguiram se firmar em profissão nenhuma [eternos desempregados], ou mesmo na própria política, que teimam em atrapalhar o processo eleitoral sadio. Em todas as cidades há tipo de gente assim, quase o Dr. Sumariva deu as iniciais de alguns. 

Juízes e promotores trabalham no olho do furacão, convivem com a tragédia da limitação humana, no depósito de conflitos registrados em autos. Eles vivem às voltas, quase sempre, com encrenqueiros. Por qualquer coisinha, logo diz:

- Vou procurar meu advogado!
Não prego aqui o conformismo do cidadão, que ele aguente tudo calado, nem que ser oposição é aviltante. Tudo tem o seu equilíbrio. Estou analisando os desvios de comportamento, que também foram objeto de análise do Dr. Sumariva.

Machado de Assis, niilista convicto, sempre escreveu que o ser humano é uma caca. O escritor não teve filhos. O seu personagem Brás Cubas também, e se gabava de não ter contribuído para a proliferação da mediocridade.  

Aliás, eu sempre fui chamado ao fórum, mas por que alguém moveu ação contra mim. Nem ação trabalhista movi contra meus empregadores. Trabalhar como jornalista e ser político, dois seres que vivem numa tensão natural, visitam constantemente o fórum, precisamos saber administrar isso, entender a tragédia humana.   

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Atualmente é secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP.


2 comentários:

HAMILTON BRITO... disse...

Para o político entender a tragédia humana é facil o diabo e o humano ntender a tragédia de ser político e a que ela provoca.

O Poeta das Multidões disse...

Todas as pessoas tem virtudes e defeitos. Concordo com o Prof: Hélio Consolaro a respeito dos parasitas profissionais. São pessoas inoperantes, portadoras de um fisiologismo patológico. Quando excluídas fazem oposição radical, quando inseridas no contesto, defende com unhas e dentes aquilo que sempre abominou. Pura imoralidade. Heitor Gomes.