Hélio
Consolaro*
O
tema parece coisa do milênio passado, mas ainda é válido, principalmente quando
se está na atividade política. Aquele carrancismo ideológico que imaginávamos
morto, reaparece com força de vez em quando.
Abordo
este assunto porque sempre me vejo às turras com um grupo que frequento. Dizem
que o Muro de Berlim caiu, mas o marxismo, como ideologia política, ainda
domina algumas cabeças. Perdem a oportunidade de ver o mundo de uma forma
holística.
A
democracia tem valor universal, vale para mim e para meus adversários. Não
concordo que a democracia seja discurso oportunista de gente da oposição e que
quem está na situação abomina as relações democráticas.
Os
comunistas ortodoxos exigiam democracia do estado liberal, mas pregava a
ditadura do proletariado. Então, a democracia para eles era apenas uma
estratégia, como uma forma de assumir o poder.
No
final da década de 80, numa discussão sobre direitos humanos num bairro da
cidade, estava presente um padre. O reverendo ainda vive em Araçatuba. O
malufismo era grande, e o antimalufismo também. Numa certa altura da discussão,
fiz-lhe uma pergunta:
-
Padre, se o senhor encontrar o Maluf na estrada, moribundo, e ele lhe pedir
água. Negá-la significaria a morte do político. Que o senhor faria?
-
Não lhe daria a água, deixaria morrer – respondeu o padre.
A
partir daquele momento, me retirei. Não ia participar de um grupo que fazia dos
direitos humanos uma estratégia política. Não sei se este grupo mudou sua visão
de mundo, mas ele tem representante na Câmara Municipal de Araçatuba.
Não
são direitos de meus amigos humanos que defendo, incluo neles amigos,
adversários, gente que discorda de mim. Como pregou Jesus Cristo: amar os
amigos, qualquer pessoa o faz, até os homicidas. A excelência do valor à vida
está em ter a postura mental de amar os inimigos, defender a vida de todos.
Não
se trata de entrar em campo e deixar o time adversário marcar gol em sinal de
fraternidade, mas de não quebrar-lhe a perna numa ação violenta só porque está
perdendo o jogo.
Hélio
Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário municipal
de Cultura de Araçatuba-SP
Leia
o ensaio “Democracia como valor universal”, de Carlos Nelson Coutinho. Clique
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Um comentário:
Ao ler este texto só aumenta minha admiração e respeito pelo Senhor que posso chamar de amigo, conselheiro e padrinho de Rotary. Abraço de José Luís Sales
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