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4.7.12

"Garota de Ipanema" completa 50 anos de sucesso, ciúmes e disputas judiciais

Agência Efe / WQ




 A garota que inspirou Tom Jobim e Vinícius de Moraes a escrever "Garota de Ipanema", Helô Pinheiro, hoje uma senhora de 67 anos, recorda como teve de apressar seu casamento na época para apaziguar a explosão de ciúmes de seu namorado quando soube da música, que completa 50 anos de sucesso e que também lhe custou desgostos nos tribunais.

A "garota" de carne e osso, Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, conhecida como Helô Pinheiro, conta à Agência Efe, em entrevista feita nesta terça-feira, que seu então namorado e atual marido quis enfrentar aos murros os autores da canção, embora "no final tenham se tornado amigos".
O maestro perguntou-lhe se tinha havido algo entre ela e Tom Jobim, e ela confessou que o namorado tinha motivos para ficar com ciúmes, pois Tom dava em cima dela mesmo ela tendo namorado, chegou a lhe pedir "várias vezes" em casamento, apesar dos 18 anos de diferença entre ambos.
"Ele estava apaixonado por mim, chegou a confundir minha cabeça, mas no final terminamos como amigos em uma relação de afeto e reconhecimento", relata.

Maestro pergunta: Quando você descobriu que era a garota de Ipanema, o que você sentiu?

Helô: "Minha vida mudou quando revelaram que eu era sua inspiração, não acreditava, me emocionei e demorei para entender o que significava", diz Helô, que deslumbrou os criadores do símbolo da Bossa Nova. 


Em 1962, Vinícius e Jobim dedicavam horas de culto ao uísque refugiados no Bar do Veloso, da antiga Rua Montenegro (hoje Vinícius de Moraes), em Ipanema, no Rio de Janeiro, de onde espiavam o "doce balanço" dos quadris dessa jovem quando ia à praia ou levava recados a seus pais.
Passaram 50 anos daquela cena casual que Helô lembra com carinho no estúdio de televisão de São Paulo onde apresenta um programa de saúde para a terceira idade.

A "garota" é agora uma empresária e apresentadora que, aos seus 67 anos, conserva a espontaneidade e a elegância que fascinou os mestres da música brasileira há meio século.
"Eu era muito tímida, nunca respondia a seus elogios, só entrava no bar para comprar cigarros para meus pais ou passava por ali para aproveitar meus dias livres tomando sol", ressalta.

A canção apresentada ao público carioca no dia 2 de agosto de 1962 teve seu verdadeiro reconhecimento como sucesso internacional quando, três anos mais tarde, alguns artistas americanos tomaram a melodia como influência.

 

Na época, apareceram muitas jovens que se autoproclamaram "garotas de Ipanema", explica Helô, mas isso acabou quando o próprio Vinícius escreveu em uma publicação quem era a autêntica inspiradora de sua obra mais conhecida.

"Eu fui criada em uma família muito severa e conservadora, meu pai era militar e não gostou nada de eu ter me tornado foco da imprensa de todo o mundo e alvo dos olhares de homens mais velhos", lembra.

A Bossa Nova foi a trilha sonora de sua vida e "Garota de Ipanema" é a música que até hoje toca em seu telefone celular quando recebe ligações.

A figura inspiradora de Helô lhe deu fama no Brasil e em outros países, transformou-a em atriz de novelas, organizadora de concursos de beleza e empresária.

No auge de sua fama, posou para a revista "Playboy", onde voltou a aparecer com pouca roupa aos 56 anos, ao lado de sua filha Ticiane, então com 24 anos.

Helô admite que o pior momento de sua fama foi em 2001, quando os herdeiros de Tom e Vinícius a processaram por explorar comercialmente o nome "Garota de Ipanema", que ela usa em sua loja de roupas.

O conflito judicial foi resolvido no ano passado com um acordo entre as partes, o que, admite, causou "um prejuízo econômico e psicológico" para ela.

"Não entendo a motivação dos herdeiros, há milhares de estabelecimentos comerciais com o nome da música", acrescentou Helô, que, apesar dos maus momentos, continua seu balanço entre novos projetos, como o concurso de beleza que organizará em novembro para escolher a nova "garota" de Ipanema.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tão bonitinho, e nenhum comentário? (rsrs)
Ainda.
Wanilda Borghi