O Estado de S.Paulo
O jornalista americano William Powers, autor do livro O
BlackBerry de Hamlet, acostumou-se a ver notícias sobre a morte de
jovens que teclavam enquanto dirigiam. Como a de Taylor Sauer, de 18
anos. Em 14 de janeiro, ela dirigia a cerca de 130 km/h em uma estrada e
conversava pelo Facebook com um amigo sobre futebol americano. Seu
último comentário foi: "Não posso discutir isso agora. Dirigir e falar
no Facebook não é seguro! Haha".
Em entrevista ao Estado por e-mail, Powers falou
sobre como o comportamento é "tolo e pode ser perigoso" e como
companhias como Facebook e Google lidam com o excesso de conectividade
atual. Para o autor, é preciso promover intervalos entre o usuário e as
telas - computadores, tablets, celulares - e o momento da direção pode
ser um deles.
Cada vez mais as pessoas teclam dentro dos carros. O momento
da direção pode ser um dos intervalos entre usuário e tela que o senhor
propõe em seu livro?
Dirigir e digitar é tolo, é perigoso e está
matando gente. Sim, acho que o carro pode ser um desses intervalos.
Muito raros hoje, mas valiosos. Mas enquanto carros e smartphones não
evoluírem a ponto de nos ajudar a desconectar na direção - algum dia,
acho que vão nos ajudar - cada um tem de tomar a decisão de fazer por si
mesmo.
Por que é tão difícil se desconectar? É mais difícil para os mais jovens?
É difícil porque estar em contato com
outras pessoas e informações é uma experiência poderosa. O ser humano é
inerentemente uma criatura social. Há, inclusive, evidências de que os
nossos cérebros nos dão uma recompensa química quando usamos esses
aparelhos, uma injeção de dopamina que se parece muito como usar droga. E
isso é sentido em todas as idades, mas os mais jovens são naturalmente
mais intensos nisso, porque estão descobrindo o mundo e o significado de
ser social.
O que pensa de pessoas que morrem por não conseguirem parar de digitar mesmo na direção?
É uma situação absurda e trágica. Teclar
realizando outras tarefas digitais na direção é responsável por mais
acidentes e mortes do que imaginamos. Sacrificar sua vida para ler uma
mensagem? Acontece todos os dias. O mundo precisa despertar para essa
questão.
Em sua opinião, companhias de telefonia móvel deveriam ajudar com campanhas educativas?
Sim, devem ajudar a mudar a mentalidade do público sobre o tema. Nos Estados Unidos, algumas já fazem isso. Tanto o Facebook quanto o Google me chamaram em seus escritórios. O diretor executivo do Google, Eric Schmidt, repetidamente encoraja os jovens a tirar suas caras da frente das telas. Nas minhas palestras, gosto de exibir um comercial de uma grande companhia tailandesa de telecomunicações. É curto e poderoso, chama-se Desconecte para Conectar. A propaganda mostra pessoas com amigos e parentes queridos que, quando pegam o celular, ficam imediatamente sozinhas. / D.G.
Sim, devem ajudar a mudar a mentalidade do público sobre o tema. Nos Estados Unidos, algumas já fazem isso. Tanto o Facebook quanto o Google me chamaram em seus escritórios. O diretor executivo do Google, Eric Schmidt, repetidamente encoraja os jovens a tirar suas caras da frente das telas. Nas minhas palestras, gosto de exibir um comercial de uma grande companhia tailandesa de telecomunicações. É curto e poderoso, chama-se Desconecte para Conectar. A propaganda mostra pessoas com amigos e parentes queridos que, quando pegam o celular, ficam imediatamente sozinhas. / D.G.
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3 comentários:
Achei bom teclar e diferente de falar,e mais perigoso.
Achei bom teclar e diferente de falar,e mais perigoso.
Teclar e falar, SE SOMENTE SE, no celular, é a mesma coisa. Estudos da Polícia Militar comprovam que a reação é a mesma de uma pessoa que dirige alcoolizada (os reflexos são reduzidos).
Falar no ambiente, ou seja, no carro com outras pessoas, pode ser considerado diferente.
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