Prefáciode Eduardo Peñuela Cañizal - outubro de 1970 - é a terceira Presença Poética. Primeiro número havia saído em 1968.
Escreveram na revista:
Aguinaldo José Gonçalves
Armida Crocillo
Eliana Magrini Fochi
Norval Baitello Júnior
Romildo Antônio Sant'anna
Rosalva Stella Xavier
Wagner Antônio Calmon Ferreira
Em 1971, este blogueiro, ainda estudante de Letras de Penápolis-SP, esteve visitando o diretório acadêmico da FAFI. E lá me deram esta revista. Ela atravessou todas as tormentas de minha vida, mudanças de cidade, de casa, prisão, crise conjugal, biblioteca pessoal aumentando, diminuindo, não sei o motivo, não pus fora a "revistinha". Acho que o Universo estava conspirando para o reencontro de dois professores universitários (Romildo e Aguinaldo) que estiveram em Araçatuba com este blogueiro
Imberbes, hoje doutores das letras, colaboraram neste número os professores: Aguinaldo José Gonçalves e Romildo Antônio Sant'anna, que já estiveram dando palestras em sessões solenes da Academia Araçatubense de Letras. Quem os convidou foi Tito Damazo, que foi orientando deles no mestrado e no doutorado na Unesp de Rio Preto.
A reprodução neste da revista é uma homenagem aos dois e à língua portuguesa. Ela é prova de que as pessoas se tornam que são com muito esforço. A briga de Aguinaldo Gonçalves e Romindo Sant'anna vem de longa data.
Escreveram na revista:
Aguinaldo José Gonçalves
Armida Crocillo
Eliana Magrini Fochi
Norval Baitello Júnior
Romildo Antônio Sant'anna
Rosalva Stella Xavier
Wagner Antônio Calmon Ferreira
Em 1971, este blogueiro, ainda estudante de Letras de Penápolis-SP, esteve visitando o diretório acadêmico da FAFI. E lá me deram esta revista. Ela atravessou todas as tormentas de minha vida, mudanças de cidade, de casa, prisão, crise conjugal, biblioteca pessoal aumentando, diminuindo, não sei o motivo, não pus fora a "revistinha". Acho que o Universo estava conspirando para o reencontro de dois professores universitários (Romildo e Aguinaldo) que estiveram em Araçatuba com este blogueiro
Imberbes, hoje doutores das letras, colaboraram neste número os professores: Aguinaldo José Gonçalves e Romildo Antônio Sant'anna, que já estiveram dando palestras em sessões solenes da Academia Araçatubense de Letras. Quem os convidou foi Tito Damazo, que foi orientando deles no mestrado e no doutorado na Unesp de Rio Preto.
A reprodução neste da revista é uma homenagem aos dois e à língua portuguesa. Ela é prova de que as pessoas se tornam que são com muito esforço. A briga de Aguinaldo Gonçalves e Romindo Sant'anna vem de longa data.
ANIVERSARIO-ME
Aniversàriamente
Este domingo-segunda
Coloca dentro de mim
O cansaço.
Qualquer coisa
Comemora
Os primeiros anos
De espera
Todo dia é aniversário,
Nem mais em menos
Aniversário.
A janela aberta
E a noite entrando.
1995 talvez me
Surpreenda de pernas cruzadas.
Sim. Cansou-me.
Cansei as noites
As horas.
Se eu soubesse,
Naquela noite
Sentada na janela
Em 1952,
Olhando (de pernas cruzadas)
A minha festa de aniversário
Ah! Se eu soubesse
Que o meu vestido
De números
Fosse o mundo
Em movimento,
Aniversàriamente
Tentaria
Dormir-me
Alheia.
Sem
datar
Começo
Ou
Fim.
Reni
Cardoso
Autores
Aguinaldo
José Gonçalves
Armida
Crocillo
Eliana
Magrini Fochi
Norval Baitello Junior
Romildo Antonio Sant’anna
Rosalva Stella Xavier
Wagner Antonio Calmon Ferreira
Objetos cansados de viver, já não eram objetos.
Um pequeno arame não queria ser arame
E passou a ser nada daquele dia em diante,
Uma bonequinha esfarrapada, aderiu à nova família
de
objetos inexistentes.
O interessante é que ocupavam lugar mas não eram;
As lanternas, os fogões, os lampiões, até mesmo as
velas,
Viviam tristes e resolveram também pertencer à
família do
não ser.
Mas estes nadas encontraram um rival no sol de
cada dia
e também num pequeno rouxinol que queria cantar
e ser mesmo um rouxinol das ruas,
que queria continuar cantando pelas serranias
e substituir todos os objetos mortos com sua
sinfonia.
Aguinaldo
José Gonçalves
QUE DURMAM AS HORAS . . .
Deixa que durmam as horas
o sono do tempo infinito
em naves de pétalas brancas
velejam sonhos de amores perdidos . . .
Deixa morrer o instante fugidio
na carícia ilusória das massas
Deixa que se toquem todas as mãos,
que se unam todas as bocas
e, põe-te a ouvir o Silêncio
Exato.
Armida
Crocillo
Siga-me
sou tua meta
Sou teu motor
aciona-me
Sou teu presente
presentifica-me
Armida
Crocillo
PRAY
Father
of te universe
of
which we’re but a part,
grant
us the peace
all
mankind looks for.
Put
your hands over our heads ~
with
love open our eyes.
God,
Hear
our words,
inspire
our minds ~
help
us, God, to help you!
Grant
us wisdom,
but
let we love before.
Let
our hearts beat fast,
of
love make our wishes
and
then,
we’ll
get serenity
instead
of bombs over the world;
we’ll
have the courage
we
need to go through life;
we’ll
have wisdom
to
be conscious of us.
Armida
Crocillo
36
Há
vertigens de passos incompletos
que o solo não marca.
Risos nas avenidas fantásticas
que o espaço não contém.
Prismas indecisos entre o
roxo ou o azul
para colorir a terra e
pintar os homens.
Frases imutáveis,
peças, contra-mão, fechaduras,
Montes de sabedoria
Frustrada e fosca.
E no chão da minha rua tem um bosque
e uma valeta de homens
que não sabem.
Eliana
Magrini Fochi
TEMPO DO NÃO-TEMPO
O tempo não é de buscar soluções
é o tempo do tempo que voltou atrás,
é tempo do tempo que se afastou de nós,
e as soluções que encontramos no passado
foram invalidadas pelo não-tempo.
é a estagnação total do ar,
que nada mais circula,
que não mais areja nada.
Nós caminhávamos em direção ao tempo,
que busca do tempo do tem
e tendo o do não tem.
mais eis que, cristalizados abruptamente,
tivemos de observar parados a entrada triunfal
da estagnaçãocinzenta do nada.
e o tempo que não alcançamos
ou o não tempo que nos alcançou,
nos abafou.
O tempo não é de buscar soluções.
é tempo de soltar verdades,
como baforadas de um cachimbo,
e vê-las pairando no ar
sobre cabeças dos não gente,
estagnadas,
até serem destruídas pelo não-tempo,
juntamente conosco,
como males efêmeros mas necessários,
em nome da liberdade de todos,
pela libertinagem de alguns.
Assim
não seja!
Norval
Baitello Júnior
DESEQUILÍBRIO
os morcegos estão
famintos
os cegos estão
famintos
os egos estão
famintos
Norval
Baitello Junior
os cegos
inscientes de sua cegueira
seguindo cegas verdades
e cegas direções
e com foices cegas e cegantes
estão (m)andando
Norval Baitello Junior
POEMA A DOIS
dois dois
dois dois
doisdois
doidsois
dodiosis
ddooiiss
dois
ddooiiss
dodiosis
dodiosis
doidsois
doisdois
dois dois
dois d dois
dois do dois
dois doi dois
dois dois dois
Norval
Baitello Junior
OUTONO
Um telhado penumbrado completando o cubo.
um clarão choroso pela cortina em
despenho,
manuscritos pelo chão em plena cala,
um círio semi-apagado
(e por coincidência),
um João-Sozinho – no centro da sala
Romildo
Antônio Sant’anna
agosto,
13 - 1970
N.º 03
Todos os veículos estacionaram
(exceto a cápsula da lua),
E as oficinas descansaram em
porta-carimbos.
Todas as vitrinas empalideceram,
(mas percebiam-se os bonecos chorosos e
cavalos de madeira)
E o comércio aquietou-se.
Todas as crianças ficaram
sonolentas
(mas em suas cabeças pairavam
piorras),
E dormiam angustiadas.
Tudo parou.
Menos o velhinho,
que desfilou pedalando a sua
caduquez.
Romildo
Antônio Sant’anna
Dezembro, 11 - 1969
N.º 04
Sinto-o
Em retalhos de papel-de-seda,
Brincando no ar,
De não mostrar o rosto
Sinto-o
Despede-se no alvorecer,
Volta em passos de não acordar,
E se debruça em meu leito cansado.
Sinto-o,
Eu sou sido esta batalha.
Ah mar!
Eu também quero Ser em sua companhia!
Romildo Antônio Sant’anna
Janeiro,
20 - 1970
N.º
05
meu amigo
Antônio
de Jesus da Silva
Agora já sei
que não existem objetos de idéia,
discurso, o silêncio que diz mais,
a dança engraçada dos pensamentos
noturnos,
o abraço de chegada em revira-volta,
a trança e o prendedor de seus lindos
cabelos,
Porque a nossa música distorceu-se com o
vento,
roubaram o encontro não-nosso,
e nós, por nosso dever,
encontramos num namoro-namorando
um sol para decorar as fantasias.
Romildo
Antônio Sant’anna
Setembro,
16 - 1970
DISSIMETRIA
Vou contar
A história de Francisca,
bonita, perfume importado,
anel de pedra verde,
que voltou de Curitiba,
sem a antiga timidez,
e noiva do mesmo noivo em Cidadela:
-
Chicá, o que é mais cheiroso que o sândalo?
- Merda, mon amour!
Romildo
Antonio Sant’Anna
Julho,
23 – 1970
NOCTE
Ganhei
todas as flores da noite
e acordei nunca mais.
Romildo
Antôno Sant’Anna
Agosto,
26 – 1969
MOTO
(dedico este poema a uma lambreta
modelo 1951 ou 1952)
O sol esquenta o aparelho...
Técnicos displicentes... a contagem regressiva...
Está quente de calor, o bloco de conjunto.
Zero. Início da contagem depreciativa.
Primeira faísca...
Ah! Ah! A biela
pressiona,
E o pistão arranca-se para a segunda-feira ...
Ah! Um dos anéis aflige as laterais,
A camisa retificada volta a rugir,
Esquenta-se ... esquece até
o sol... de dor.
Os técnicos não sorriem,
E o pistão inibido faz cara de medo,
Ah! A biela empurra ...
Os anéis comprimem (ouvem longe uma araponga),
Mas esquecem-na, têm falta de ar.
O lubrificante escurece de aço em estilhaço.
Ah! ... falta de ar na compressão de ar,
A camisa urra em arrepios...
Ah! Ah! A biela pressiona sem dó (tenho de funcionar).
O pistão sufocado e louro (Ah! Quero ar!), e
Mais um conjunto estremecendo!
Mas os Técnicos uniformizados não sorriem mais...
Caminhem uniformizados para outras máquinas,
Retificadas ou não... Mas que estouram ...
(Ah ... estou só). Nova faísca faísca-se ...
Bielas pressionam, apertam, afligem, comprimem, rechaçam.
Todas rechaçam na escalada sem dó.
O pistão inibido faz cara de chorinho ...
Mas chora um choro estupefato,
Iniciando o começo e
Começando o fim.
Romildo
Antonio Sant’Anna
Dezembro, 09 - 1969
NATAL
Quebrar a
porta do quarto e me despir.
Rasgar a roupa que me asfixia a alma.
O anel que aperta o dedo, a garganta e
anuncia a grangrena.
Apagar todas as letras,
Tôdas as luzes,
E na intensidade deste momento
Deixar de ser feto.
NASCER.
Rosalva
Stella Xavier
TIC . . . . . TAC
Vou e volto
são e salvo
vou de volta
Tic . . . Tac
Sigo lento
minha rota
passo móvel
sempre vindo
minha vida
sempre indo
indo e vindo
Tic . . . Tac
Noite longa
quarto quente
arde e mente
mal de insônia
longa noite
mêdo e morte
Tic . . . Tac
sempre o Tic
sempre o Tac
Alta noite
vou parando
mente calma
noite alta
sono solto
Foi-se o Tic
Vai-se o Tac
Cessa tudo
. . . . .
tic . . . . . tac . . . . .
Wagner
Antônio Calmon Ferreira
2 comentários:
Pray e tempo do nao-tempo as mais bonitas.
Bonita obra
Hélio Consolaro, belíssima recordação de fim de ano. Éramos todos jovens, na poesia e na prosa.
Grande abraço
Romildo
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