Hélio
Consolaro*
A
escola de samba Unidos da Zona Leste ocupou mais o sambódromo, causou mais
impacto nas arquibancadas, mas não levou o título de 2013, porque a Virada do
Sol administrou melhor a sua simplicidade. Isso serve como exemplo de
gerenciamento. Havia uma propaganda antigamente que dizia assim: “Que não é o
maior, tem que ser o melhor”.
Dizem
que a zona de conforto é perigosa. Todos querem chegar a ela, mas não pode
relaxar, se acomodar nela. Trata-se de um sentimento de segurança, uma falta de
medo, não se arrisca mais, é a estabilidade. Sempre é bom se lembrar de que um
dia a zona de conforto desaparece, não é para sempre.
A
Unidos da Zona Leste estava nessa situação. “O carnaval de Araçatuba é nosso,
ninguém tasca.” Ela perdeu posições por causa disso, com o acréscimo de mais um
elemento: a falta de gerenciamento. No carnaval, há muita improvisação, mas há
um limite. Uma escola de samba é um empreendimento como outro qualquer.
Esquecer-se
de pôr identificação nos carros alegóricos no primeiro dia “por causa da
correria”, como afirmou um dos participantes da escola, é falta de ter uma
pessoa escalada para cuidar dos detalhes momentos antes de sair. O presidente
não pode e nem tem condições de ver tudo.
O
regulamento do desfile das escolas de samba de Araçatuba foi amplamente
discutido pelas escolas nos anos anteriores, comandadas pela Assesa –
Associação das Escolas de Samba de Araçatuba. Ele não saiu da cabeça de um
iluminado. A discussão teve a assessoria do agente cultural Alexandre Melinski.
Esquecer-se
de que a estátua do Luís Gonzaga (o Gonzagão) não podia ter mais de 4,90m,
fazendo-a com 7,5m, é muita falta de atenção.
Deixar
o seu puxador de samba, como ocorreu com a Unidos da Zona Leste, fazer grito de
guerra, com palavras agressivas e usando palavrão, também foi falta de orientação,
ou seja, gerenciamento.
Mas
não foi apenas a Unidos da Zona Leste a perder pontos, caindo do 1.º lugar para
o 3.º, o mesmo erro ocorreu com a Sonho e Fantasia (de 171,25 para 140,25) e Os
Caprichosos (de 171,50 para 74,50), mas essas duas fazem isso todos os anos,
coisa que não ocorria com a tricampeã, que despencou de 178,75 para 134,75.
E
a Virada do Sol, administrada pelo veterano Rosvel Menezes, com o seu time de
gente simples, sem muita pompa, com gente de uma beirada da cidade, como São
José, Mão Divina, Jardim do Trevo, Ezequiel Barbosa, Parque Real, foi passando
no sambódromo. Não perdeu nenhum ponto (170,50 pontos), como diz no futebol:
administrou o resultado. E foi a campeã.
Algum
samba deve ter registrado em sua letra que na avenida do samba, a vida é a
mesma da Av. Paulista. A diferença são as lantejoulas.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atual secretário municipal de
Cultura de Araçatuba-SP.
Um comentário:
Quem perde é a cidade !!!
Carnaval é a voz do Povo !!
E para uma escola perder 40 pontos ... ela tem que vir de traz para frente...
Na verdade, falta profissionalismo na organização.
Araçatuba é uma cidade muito grande para ter um carnaval neste formato.
Fica a dica
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