Em todo escritório ou grupo de trabalho existe pelo menos um: o narcisista, um tipo competitivo e agressivo que não perde ocasião para criar encrenca e por os outros em dificuldades. Como se defender dos conflitos verbais e das provocações?
29 DE MAIO DE 2013 - REVISTA DIGITAL OÁSIS
Por: Equipe Oásis
Até a mais tranquila jornada de trabalho pode se transformar num inferno. Sobretudo quando as pessoas com quem dividimos o escritório ou qualquer outro ambiente de trabalho são agressivas e infantis. Litígios e provocações então estão sempre na ordem do dia. Sem falar das muitíssimas tensões latentes. Todas essas são situações que prejudicam o quotidiano, as práticas do trabalho e muito mais. A tal ponto que não desperta nenhuma surpresa o fato – já comprovado – de que nessas situações, durante as jornadas de trabalho, os empregados gastam boa parte do seu tempo e energia a remoer os comportamentos nocivos do chefe ou colega. Esse mesmo remoer frequentemente os toma de assalto inclusive durante os fins de semana.
Para o italiano Matteo Marini, psicólogo do trabalho e autor de "Fucking Monday (Segunda-feira é foda!). Curso de sobrevivência no escritório", o fenômeno é muito difuso e subestimado: "O conflito nos escritórios é muito comum. Existe e se manifesta sob mil formas, mas muitas vezes tende-se a ignorá-lo ou escondê-lo debaixo do tapete. Em alguns países europeus presta-se maior atenção ao fenômeno, existe inclusive uma "sala do conflito", na qual um mediador, ou um "gerente de conflito" tenta resolvê-lo fazendo com que as partes ponham suas cartas na mesa. No Brasil, salvo talvez raríssimas exceções, não existe nenhuma prática desse tipo. As pessoas simplesmente parecem ignorar que, se o conflito em si mesmo não é necessariamente tóxico, o modo como nós o enfrentamos costuma ser, sim, muito tóxico.
É fato evidente que um ambiente de trabalho conflituoso seja prejudicial tanto ao próprio trabalho quanto as pessoas envolvidas. Isso não apenas para os indivíduos mais diretamente envolvido, mas para toda a equipe. Pedir a ajuda dos colegas na solução dessas situações é coisa bem rara. São poucos os trabalhadores que admitem a possibilidade de pedir ajuda aos colegas. Ainda menos são os que conseguem obter alguma ajuda dos próprios chefes. Não deve surpreender, portanto, que abrigando em seu quotidiano conflitos crônicos, tantas empresas não funcionem bem.
De quem é a culpa dessas contínuas escaramuças e provocações? Quem arrasta a dialética do diálogo sereno para o território do combate verbal é quase sempre o narcisista, a criança mal-educada que às vezes se esconde nas roupagens do chefe gerador de ansiedade ou do colega bilioso e irascível. Todo psicólogo conhece bem essa modalidade de comportamento: o narcisista não consegue se comunicar de maneira normal. Ele precisa da discussão, da distorção da comunicação.
Não é fácil evitar cair na armadilha do bate-boca, da discussão verbal. Mas alguma coisa pode ser feita. Antes de tudo, é preciso manter as antenas ligadas e tentar interceptar o narcisista antes que ele aperte o gatilho da sua agressividade. O narcisista fala sempre e nunca escuta. Se ele permanece calado, não escuta da mesma forma. Ele relaciona tudo a si mesmo. Se você lhe conta um problema que está tendo com sua esposa, ele começará imediatamente a falar daquilo que está acontecendo com ele.
Um outro modo para se antecipar aos conflitos é observar aquilo que acontece aos outros. Quando você perceber que um chefe trata mal um colega, deve intuir que a próxima vítima poderá ser você. Infelizmente, quando testemunhamos cenas desse tipo, acreditamos que seremos mais capazes e menos vulneráveis do que o colega agredido, e que a nós isso não acontecerá nunca. Mas se o padrão de comportamento do chefe é de tipo agressivo, pode estar certo de que cedo ou tarde ele irá golpear você também.
Quando o conflito já explodiu, não resta outra alternativa a não ser encará-lo de frente. Os especialistas dizem que é preciso fazê-lo emergir, nunca baixar a cabeça, ou escondê-la num buraco como faz o avestruz, quando a agressão for realmente injusta e despropositada, nunca varrer a sujeira para baixo do tapete. Deve-se, no entanto, manter o controle da situação, prestar atenção a não por as coisas no plano pessoal. Caso contrário, é grande o risco de se desviar do problema e partir para o conflito verdadeiro. Inclusive em termos de agressão física. É preciso se esforçar para permanecer concentrado no problema, e apenas nele.
Mas tudo isso às vezes não é suficiente. É preciso então, no decorrer da jornada de trabalho, recorrer a todos aqueles recursos que nos ajudam a ser mais fortes. Quando somos vítimas dessas agressões, devemos fazer uma série de coisas que nos ajudam a resistir ao estresse. Praticar esportes físicos, pois isso neutraliza o cortisol, o hormônio do estresse. Criar relações sociais significativas e construtivas, praticar os próprios hobbies. Todas essas ações nos fortificam no plano pessoal e nos ajudam a ser mais serenos.
E se tudo isso não bastar? Às vezes, quando os limites realmente são superados, é lícito responder e se desafogar um pouco. Na Itália, há poucos meses, a Suprema Corte decidiu que um empregado, ao ser ofendido e humilhado por um superior, tem o direito legal de mandá-lo "tomar no c...", em alta voz, para que todos possam ouvir. Este é o último remédio, é claro. Deve no entanto ser usado quando a vítima sentir que os limites foram superados e não há mais nada a fazer. Você não irá curar o narcisista encrenqueiro e agressor, sobretudo se ele sofrer de psicopatia borderline. Mas pelo menos terá mais chance de evitar alguma úlcera de origem nervosa no seu estômago.
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