Gosto de humor; no meu cotidiano, sou um boca suja
incurável; se for necessário num texto, uso o palavrão. Não sou adepto do
politicamente correto, mas não gosto de shows que perdem a sutileza e diz um
palavrão a cada três palavras pronunciadas.
Adoro espetáculos de rua (vaudevile) com palhaços, pequenas
acrobacias, com aquele humor inocente que faz gargalhar até as crianças.
Ganhei os ingressos para assistir com a Helena ao
espetáculo stand up “Tsunany”, com Nany People, no teatro Thathi Coc, antigo
cine Pedutti, na rua General Glicério, Araçatuba. O Guilherme, produtor, foi
tão gentil que não houve como não ir. Aliás, sempre é bom ver o diferente,
aquilo que não nos agrada, aprendemos sempre mais com ele.
Lá encontrei o teatro cheiíssimo de uma plateia seleta,
pois o espetáculo era pago. Cultura é aquilo que vi no Thathi Coc no dia 14/2/2014?
Também é cultura, mas não é só aquilo. Cultura é o jeito de ser de um povo, de
uma nação dentro de outra nação, de uma tribo nessa sociedade multifacetada. Cada
segmento social tem sua cultura e uma não é melhor e nem pior do que a outra.
Há pessoas que pagam caro para ouvir palavrão, outras assistem gratuitamente a bons
espetáculos. Isso se chama diversidade cultural.
Nem tudo que é pago seja ruim, nem tudo que é gratuito
seja bom. Precisamos de casas de espetáculos do setor privado e do setor
público. Faz-se necessário numa sociedade democrática o gestor público e o
privado. E público não é sinônimo de governamental. A Secretaria Municipal de
Cultura aluga o Vívere, por exemplo, quando suas casas não comportam grande plateia.
Nany, durante o espetáculo, mostrou que tem uma boa
formação. Citou Bertold Brecht, declamou um soneto de Camões, deu lição de vida
a muita gente, inclusive a mim. É uma artista completa, mas encontrou a veia do
stand up como forma de exercer a sua profissão, dialogar com as pessoas:
sobreviver.
Dizem os sociolinguistas que palavrão é a linguagem da
ralé, mas às vezes a elite paga caro para vê-los pronunciados no palco com
todas as letras, como faz Nany. É a interação das classes sociais.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
BIOGRAFIA DE NANY PEOPLE
BIOGRAFIA DE NANY PEOPLE
2 comentários:
Puta que pariu, gostei do texto.
Sim, eu tambem gostei !
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