Plateia lotada no teatro municipal Castro Alves |
Hélio Consolaro*
O nome de Areobaldo Monfredini impõe respeito, porque,
apesar de todos os seus defeitos, é persistente, quando pega algo para fazer, o
faz bem feito. Dizem os manuais do bom administrador, quem dirige alguma coisa
na sociedade, precisa ser exigente, meticuloso, geralmente chamado de chato. Bem diferente de arrogante.
Falo isso do maestro Areobaldo Monfredini com certa
tranquilidade, porque, além de ter sido meu colega de escola, não sou muito
diferente. Não somos molengas, nem carinhosos, talvez morramos sem ter ninguém
para carregar o caixão. Mas pelo repertório do último concerto dele no teatro
municipal Castro Alves, percebemos que o “veinho” está ouvindo mais seus
alunos. Incluiu rock, música caipira raiz, até berrante. Está mais avô.
Por causa dessa energia interior, ele consegue, aos 71 anos
de idade, organizar e reger a Orquestra Jovem de Repertório Livre de Araçatuba.
Dar harmonia àquele conjunto tão díspar, apoiado por pais e mães.
Monfredini não pega os músicos prontos, vai formando-os desde
criancinhas e jovens, não aposentou a sua vocação para o magistério. Acredita
na música e quer fazer com que outras pessoas também tenham a mesma crença: é
um pregador.
No sábado, 10 de maio de 2014, durante a apresentação da
Orquestra Jovem de Repertório Livre de Araçatuba, uma homenagem às mães, fiquei
a observar os movimentos do maestro. Pisa firme, está em perfeita forma física,
porque a garra pela música é a sua seiva. O menino ainda mora dentro dele.
Como há escritor que não consegue escrever seus textos diretamente
no computador, precisa primeiro manuscrevê-los, Areobaldo ainda desenha as notas
musicais ao fazer as partituras, não se adapta ao computador, apesar de existir
teclados especiais para a música. Não reparte com a máquina suas emoções.
Quando assumi a Secretaria Municipal de Cultura de
Araçatuba, por designação do prefeito Cido Sério (PT), me reuni com todos os
segmentos da secretaria, ouvindo reclamações, reivindicações e propostas. No
dia do Areobaldo, perguntei-lhe:
- Que você quer da secretaria, meu amigo?
E ele respondeu com toda sua sinceridade:
- Nada. Se não atrapalhar, já está ótimo!
Assim, estamos nos relacionando há quase seis anos. Quando
preciso dele para alguma apresentação, nunca se negou e o faz com satisfação.
Não para fazer marketing, conseguir mais alunos, trata-se de uma oportunidade
de dar visibilidade ao progresso de seus pupilos aos pais e à sociedade.
Não temos as mesmas posições políticas, mas a arte é o nosso
código, a nossa linguagem, por isso dialogamos bastante.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
4 comentários:
Bravo
kkkkkkk gostaria de ver um dos manuais que diz que o bom administrador tem que ser chato.
o Ariobaldo foi meu professor no Senai. Continua com a mesma maestria ao reger e ensinar.
Que lindo,amigo!
A verdade é que nosso corpo envelhece, mas somos eternas crianças, jovens.Eu não quero envelhecer com seriedade, também quero escrever com seriedade, mas ouvir meu rock da Legião, rir muito com amigos, tomar a minha cerveja descontraidamente e viver...
Bravo ao maestro!!!!!
http://www.elianedelacerda.com
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