Hélio Consolaro*
O futebol é um esporte tão antigo quanto a humanidade. No
Egito, há figuras nos túmulos antigos que lembram o futebol. Os malabaristas
chineses faziam dançar a bola com os pés. Na China, a meta ficava no meio do
campo, isto bem antes de Cristo.
Dizem que o imperador romano Júlio César chutava com as duas
pernas. Corre-se à boca pequena da época que enquanto Cristo era crucificado,
os romanos jogavam uma partida de futebol, a exemplo do que aconteceu em 1970
com a conquista do tri.
O jogo era praticado entre cidades e não havia limites de
participantes para cada lado. Um povoado inteiro chutava a bola contra o outro
povoado, empurrando-a com pontapés e murros até a meta, que era uma longínqua
roda de moinho. Até que os reis proibiram o jogo, pois era considerado
“estúpido e de nenhuma utilidade”, havia muitas mortes.
Leonardo da Vinci era torcedor, Maquiavel, jogador, por isso
futebol e política são bem relacionados. Nos jardins do Vaticano, os papas
Clemente 7.º, Leão 9.º e Urbano 8.º costumavam
arregaçar as batinas para jogar o “calcio” (futebol em italiano).
Em 1340 d.C., na praça de Santa Cruz, em Florença, aconteceu
o primeiro jogo em que uma bola era disputada com os pés e com as mãos, entre
equipes de 27 jogadores cada uma. A bola era uma bexiga cheia de ar, protegida
por uma capa de couro. Agora se chama Brazuca.
Em 1894, ele veio ao Brasil para ficar pelos pés de Charles
Miller. Chegou elitista, racista e excludente. Era um esporte de branco, rico,
praticado em clubes fechados ou colégios seletos. Mas o jeitinho brasileiro
transformou-o num esporte das multidões.
Arthur Friedenreich (jogador brasileiro) demorava para
entrar em campo porque ficava esticando o cabelo nos vestiários. Carlos
Alberto, do Fluminense, branqueava a cara com pó de arroz antes de entrar em
campo.
Escritores sempre estiveram ligados ao futebol. Alberto
Camus dirigiu o time de futebol da Universidade de Argel. José Lins do Rego
presidiu o Flamengo. Até que surgiu Zagallo que tomou conta da bola.
Como diz a propaganda da Bhrama nesta Copa do Mundo: o
futebol volta para casa, porque hoje o Brasil é sua morada, temos 12 coliseus
novinhos. Estamos deixando Roma com certa inveja. Como disse Lula: “O mundo vai
se encontrar no Brasil”. E se encontrou para a frustração de alguns agourentos.
Tomara que o Felipão, com seu futebol minguado,
retranqueiro, pondo a equipe para jogar como não quer nada, repita a faça de
2002.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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