AGENDA CULTURAL

1.7.14

Temos 12 coliseus


Hélio Consolaro*

O futebol é um esporte tão antigo quanto a humanidade. No Egito, há figuras nos túmulos antigos que lembram o futebol. Os malabaristas chineses faziam dançar a bola com os pés. Na China, a meta ficava no meio do campo, isto bem antes de Cristo.

Dizem que o imperador romano Júlio César chutava com as duas pernas. Corre-se à boca pequena da época que enquanto Cristo era crucificado, os romanos jogavam uma partida de futebol, a exemplo do que aconteceu em 1970 com a conquista do tri.

O jogo era praticado entre cidades e não havia limites de participantes para cada lado. Um povoado inteiro chutava a bola contra o outro povoado, empurrando-a com pontapés e murros até a meta, que era uma longínqua roda de moinho. Até que os reis proibiram o jogo, pois era considerado “estúpido e de nenhuma utilidade”, havia muitas mortes.

Leonardo da Vinci era torcedor, Maquiavel, jogador, por isso futebol e política são bem relacionados. Nos jardins do Vaticano, os papas Clemente 7.º, Leão 9.º  e Urbano 8.º costumavam arregaçar as batinas para jogar o “calcio” (futebol em italiano).
Em 1340 d.C., na praça de Santa Cruz, em Florença, aconteceu o primeiro jogo em que uma bola era disputada com os pés e com as mãos, entre equipes de 27 jogadores cada uma. A bola era uma bexiga cheia de ar, protegida por uma capa de couro. Agora se chama Brazuca.



Em 1894, ele veio ao Brasil para ficar pelos pés de Charles Miller. Chegou elitista, racista e excludente. Era um esporte de branco, rico, praticado em clubes fechados ou colégios seletos. Mas o jeitinho brasileiro transformou-o num esporte das multidões.
Arthur Friedenreich (jogador brasileiro) demorava para entrar em campo porque ficava esticando o cabelo nos vestiários. Carlos Alberto, do Fluminense, branqueava a cara com pó de arroz antes de entrar em campo.

Escritores sempre estiveram ligados ao futebol. Alberto Camus dirigiu o time de futebol da Universidade de Argel. José Lins do Rego presidiu o Flamengo. Até que surgiu Zagallo que tomou conta da bola.

Como diz a propaganda da Bhrama nesta Copa do Mundo: o futebol volta para casa, porque hoje o Brasil é sua morada, temos 12 coliseus novinhos. Estamos deixando Roma com certa inveja. Como disse Lula: “O mundo vai se encontrar no Brasil”. E se encontrou para a frustração de alguns agourentos.

Tomara que o Felipão, com seu futebol minguado, retranqueiro, pondo a equipe para jogar como não quer nada, repita a faça de 2002.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

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