AGENDA CULTURAL

14.10.14

No circo de André Rieu


Hélio Consolaro*

Ao assistir o concerto da orquestra de André Rieu no ginásio de esportes Ibirapuera, na capital paulista, me lembrei de um artigo que escrevi em 2012, refutando um crítico chamado Sérgio Martins, na revista Veja.

Também o amigo Wanner Mussato Rodrigues, quando eu disse que ia a São Paulo para o espetáculo de André Rieu, me disse:

- Vai acompanhar a esposa? Porque as mulheres maduras o adoram...

Respondi-lhe que não, a iniciativa tinha sido minha mesmo. Gosto de ver com os próprios olhos antes de tecer alguns comentários, não sou piolho para andar por cabeças alheias.

Já no Ibirapuera, percebi que o local não é apropriado para a faixa etária que compunha o público: terceira idade. Arquibancadas muito inclinadas, projetadas para as pessoas sentarem-se no cimento mesmo, mas na última reforma fixaram cadeiras plásticas, então, caminhar entre as fileiras é impossível. Mas, com certeza, no próximo será feito numa arena recém-construída, como a do Palmeiras.

André Rieu já compõe a indústria do entretenimento, nem por isso deixa de ser cultura, por isso dei o nome de “No circo de André Rieu”. Não quis desmerecer o circo, nem depreciar o maestro. Gosto dos dois.

Circo porque há um apresentador, o dono do circo, no caso André Rieu, que diverte o público com algumas piadinhas. Há também vendedores de pipoca, refrigerantes, cervejas, águas. Havendo até intervalo. Afinal, o show dura 2h30.
Na volta do intervalo, quem se atrasa paga o mico, porque aparece no telão o retardatário com cara de bunda. E o espetáculo não começa enquanto todos não estiverem novamente sentados.    

O esquema é comercial, porque até o filho Marc Rieu faz um exposição de quadros  paralelamente ao show do pai no local. Já pensou ter na parede da casa um quadro pintado pelo filho de André Rieu. É chique!      
Essa viagem foi uma das poucas que fiz a São Paulo com objetivos turísticos. Sempre fui a Sampa a trabalho. Valeu a pena ir ao Mercado Municipal comer o sanduíche de mortadela, de ver um amigo gastar fartamente com frutas, viajar com amigos da mesma faixa etária. Como ninguém era mocinho para fazer extravagâncias, pousamos por lá de sábado para domingo, nada de bate e volta.

O repertório é variado, terminando com músicas brasileiras, como “Ai se eu te pego”, sucesso de Michel Teló, para nariz torcido de muitos. Hoje, o Brasil é conhecido no mundo por essa música e por Lula.   
  
O Brasil está mostrando a sua cara.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

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