Hélio Consolaro*
Ao assistir o concerto da orquestra de André Rieu no ginásio
de esportes Ibirapuera, na capital paulista, me lembrei de um
artigo que escrevi em 2012, refutando um crítico chamado Sérgio Martins, na
revista Veja.
Também o amigo Wanner Mussato Rodrigues, quando eu disse que
ia a São Paulo para o espetáculo de André Rieu, me disse:
- Vai acompanhar a esposa? Porque as mulheres maduras o adoram...
Respondi-lhe que não, a iniciativa tinha sido minha mesmo.
Gosto de ver com os próprios olhos antes de tecer alguns comentários, não sou
piolho para andar por cabeças alheias.
Já no Ibirapuera, percebi que o local não é apropriado para
a faixa etária que compunha o público: terceira idade. Arquibancadas muito
inclinadas, projetadas para as pessoas sentarem-se no cimento mesmo, mas na
última reforma fixaram cadeiras plásticas, então, caminhar entre as fileiras é impossível.
Mas, com certeza, no próximo será feito numa arena recém-construída, como a do
Palmeiras.
André Rieu já compõe a indústria do entretenimento, nem por
isso deixa de ser cultura, por isso dei o nome de “No circo de André Rieu”. Não
quis desmerecer o circo, nem depreciar o maestro. Gosto dos dois.
Circo porque há um apresentador, o dono do circo, no caso
André Rieu, que diverte o público com algumas piadinhas. Há também vendedores
de pipoca, refrigerantes, cervejas, águas. Havendo até intervalo. Afinal, o
show dura 2h30.
Na volta do intervalo, quem se atrasa paga o mico, porque
aparece no telão o retardatário com cara de bunda. E o espetáculo não começa
enquanto todos não estiverem novamente sentados.
O esquema é comercial, porque até o filho Marc Rieu faz um
exposição de quadros paralelamente ao
show do pai no local. Já pensou ter na parede da casa um quadro pintado pelo
filho de André Rieu. É chique!
Essa viagem foi uma das poucas que fiz a São Paulo com
objetivos turísticos. Sempre fui a Sampa a trabalho. Valeu a pena ir ao Mercado
Municipal comer o sanduíche de mortadela, de ver um amigo gastar fartamente com
frutas, viajar com amigos da mesma faixa etária. Como ninguém era mocinho para
fazer extravagâncias, pousamos por lá de sábado para domingo, nada de bate e
volta.
O repertório é variado, terminando com músicas brasileiras,
como “Ai se eu te pego”, sucesso de Michel Teló, para nariz torcido de muitos.
Hoje, o Brasil é conhecido no mundo por essa música e por Lula.
O Brasil está mostrando a sua cara.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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