Hélio Consolaro*
A questão do suicídio é tratada de forma diferente em vários
países. A pior forma de combate-lo é esconder a morte de alguém por suicídio.
Em Araçatuba, apenas famílias e amigos sabem que tal pessoa suicidou-se, os meios
de comunicação não divulgam. Se esse método funcionasse no combate ao crime,
devia esconder também os homicídios.
Tenho um livro, recebi exemplar de divulgação da editora
Record, de J. Toledo, que se denomina “Dicionário de suicidas ilustres”, 1999, 360
páginas. Organizado em ordem alfabética. Nele não está o recente suicídio de
Robin Williams, claro. Isso indica que o sucesso não é resposta para nossos
problemas existenciais.
Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde, 804 mil
pessoas cometem suicídio todos os anos – taxa de 11,4 mortes para cada grupo de
100 mil habitantes. A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo.
País com mais mortes é a Índia, segundo a agência das Nações Unidas. O Brasil é
o 8.o do mundo.
Também indicam os estudos que ter algum problema
psiquiátrico é a causa do suicídio. Geralmente, as drogas estão na raiz do
problema. País com mais mortes é a Índia, segundo a agência das Nações Unidas. “Aumentar
a conscientização e quebrar o tabu é uma das chaves para alguns países
progredirem na luta contra esse tipo de morte”, afirma relatório da OMS.
Precisamos de uma política de saúde mental mais adequada.
Escrevo tudo isso porque em Araçatuba, nos últimos meses,
fiquei sabendo de dois jovens que se suicidaram. Como não divulgam, pode haver
outros. Um praticou a overdose, embora tenha sido proibido advertido pelo médico:
“consumiu, morreu”. Ele optou por morrer. O outro se enforcou numa corda, era
pagodeiro, vocalista de um grupo.
Mandamos enfeitar o velório dele com uma coroa de flores.
Por que não? Embora tanto o pagodeiro como José Emerson de Barros Lins
(assassino de Paola Bulgarelli) eliminaram uma vida por amor a uma mulher, o
suicida eliminou a sua própria vida, causou mal menor, apenas para a sua
família e amigos que perderam um ente querido, não se matará novamente; já o
homicida matou a pessoa amada ou desejada, não deixou o outro viver, além disso
poderá matar novamente, se transformar num serial killer
Há pessoa que não conhece a si mesmo, como segue a
recomendação de Sócrates, não navega em suas próprias profundezas. Quem não
conhece nem a si, desconhece também os outros, não sabem que o rio tem a
terceira margem. Pessoas assim só entendem de céu e inferno, Deus e diabo. Então, meu
caro leitor, diga para elas que não deixar o outro viver é pecado.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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