AGENDA CULTURAL

1.12.15

Vida a dois: 11 anos de casamento de Taís Araújo e Lázaro Ramos

"Taís me ensinou muita coisa." A revelação  do ator deixa Taís Araújo com quem está casado há 11 anos, cheia de curiosidade. "O que eu te ensinei?" - ela pergunta. A resposta do ator parte de uma deliciosa conversa do casal acompanhada com exclusividade pela revista QUEM, que está na reportagem a seguir. 

(Revista QUEM)

É no Parque Lage, na Zona Sul do Rio, “quintal” da casa de Lázaro Ramos e Taís Araújo, que os atores, ambos com 36 anos, recebem QUEM. Seus sorrisos condizem com o momento que vivem. “É um ano de celebrações: a família cresceu e temos dois belos projetos juntos”, diz ela, mãe de João Vicente, de 4, e Maria Antônia, de 10 meses. No teatro, eles contracenam em O Topo da Montanha. Na TV Globo, interpretam o divertido casal Brau e Michelle, em Mister Brau – ele cantor e ela dançarina. O seriado, aliás, ganhou repercussão internacional. O jornal inglês The Guardian publicou que “não há precedentes no Brasil de um programa que caracterize negros bem-sucedidos como protagonistas”.
Amor
LÁZARO RAMOS: Viemos de famílias muito amorosas. Formar uma sempre foi meu sonho. Encontrei Taís com o mesmo desejo e com um núcleo familiar ainda mais afetuoso que o meu.
TAÍS ARAÚJO: Somos amorosos demais! Ano passado, nos mudamos de uma casa grande para um apartamento. Achávamos que tinha muita gente conosco o tempo inteiro. Mas não adiantou nada! Estamos voltando para a nossa casa, porque nos tocamos que na verdade adoramos receber, fazer bagunça, cozinhar, celebrar Natal e Réveillon. O individualismo que a gente achava que queria não existia, era mentira.
Família
LR: Somos pais absolutamente normais. Por termos um cotidiano diferente da maioria, queremos levar alguma normalidade à rotina dos nossos filhos. Eles têm horário para tudo. A chegada deles fortaleceu nossa união. Eles agregam e trazem novos assuntos para a vida em comum.
TA: Se a nossa rotina é uma loucura, a deles não precisa ser. A gente faz teatrinho, conta história para dormir, sempre pensando em entreter. Somos atores, por isso o lúdico está presente na vida deles de maneira natural. Minha mãe me levava para visitar orfanatos e eu já levei o João também. O tempo todo o alertamos que o mundo não é só dele. Outro dia meu filho disse que queria doar as mamadeiras para a irmã. Expliquei que existem bebês que não têm mamadeira, que já nascem usando copo. E ele respondeu: “Então vamos doar!”.
Diferenças
TA: Sou preguiçosa e Lázaro é hiperativo. Estou mudando e pegando a “doença” dele. Lázaro produz o tempo inteiro.
LR: Hoje temos o humor parecido. Antes só eu achava graça nas coisas mais bagaceiras... Mas agora ela também gosta e até ri antes de mim! Olha que vitória (risos)!
LR: Taís dorme cedo e eu, depois das 2h da manhã.
TA: Teve uma noite dessas em que ele deitou e queria terminar de ler uma história em quadrinhos. Já era tarde. Ele pegou a lanterna de cabeça do meu filho para ler. Eu olhei e disse: “Não estou acreditando nisso!”.
LR: Odeio ar-condicionado e ela teve de aprender a dormir sem. As coisas funcionam na medida em que um vai cedendo para o bem do outro.

Aprendizado
LR: Nesses 11 anos de convivência posso dizer que a Taís me ensinou muita coisa...
TA: O que eu te ensinei?
LR: Você me trouxe relaxamento, porque eu era muito vigilante. Artisticamente você tem uma coisa linda: sua entrega emocional. Durante os ensaios da peça O Topo da Montanha (sobre o último dia de vida do ativista político americano Martin Luther King, em cartaz no Teatro FAAP, em São Paulo), Taís fazia umas cenas que me deixavam emocionado. O meu processo passa mais pelo lado racional.
TA: Sempre fui intuitiva. Lázaro me trouxe esse lado racional. Com o passar dos anos fica ruim ser tão passional. Outra coisa que ele me ensinou foi a ser dona do meu trabalho e saber que posso ser independente. Comecei a trabalhar nova e a minha mãe sempre esteve comigo. Foi uma transição difícil e a minha maior referência hoje é o Lázaro.
Cumplicidade
LR: Por termos 11 anos de casados, aprendemos a tornar a parceria profissional prazerosa. Estamos em cena  porque é bom contracenar um com o outro. Nossa vida não tem rotina, estamos sempre inventando moda.
TA: Este é um ano de muitas celebrações: a família cresceu com a chegada da Maria Antônia e ainda temos dois belos projetos juntos. Lidamos de maneira leve com o trabalho e com a vida. Temos carreiras tão independentes que trabalhar juntos não nos afeta.
Mister Brau
LR: É uma série que traz leveza, alegria e humor familiar. É bacana poder falar sobre família na TV. É um casal que ascendeu socialmente, mas quer continuar sendo ele mesmo.
TA: Vários fatores nos fizeram aceitar o trabalho: o humor, o fato de estarmos juntos em cena, a equipe. Era muita coisa boa.
Humor afetuoso
LR:  Jorge Furtado (autor de Mister Brau) é um dos melhores roteiristas do país. Seu humor é afetuoso. Em relação a isso, o meu maior cobrador sou eu mesmo, já me policio bastante sobre as minhas escolhas para pensar no que é politicamente correto.
TA: É importante respeitar e não rir da minoria. Piada que faz o outro chorar não é piada. O bom é rir junto.
Sociedade
TA: Brau e Michelle ascenderam socialmente. É algo que acontece com artistas da música e jogadores de futebol. Eles ganham muito dinheiro por mérito, diga-se de passagem. Conheço cantores que há cinco anos eram vendedores de loja e hoje têm até jatinho particular! Se o cara conseguiu reunir milhares de pessoas que pagaram para ver seu show, ele tem valor. Não se pode olhar com preconceito, mas sim com o devido respeito.
LR: Não somos o tipo de artista que tem cabeças de gado. Nosso negócio é produzir arte. Admiro colegas que abriram restaurantes, os que dizem que compraram cabeças de gado... Nem sei onde guardaria isso (risos).
TA: Adoraria ter o talento com dinheiro que a Michelle, do Mister Brau, tem. Essa turma que ganha rápido deixa parte na mão de empresário. Mas não tenho dificuldade de administrar o meu...

Dinheiro
LR: Dinheiro? Eu gosto (risos)! Compro o que me dá prazer. Logo que cheguei ao Rio tomei a decisão de ser pão-duro e quebrei meu cartão de crédito. Não queria voltar a ser sustentado pelo meu pai. Precisava poupar, porque cada curso que desejava fazer era uma fortuna para mim na época.
TA: Meu pai me ensinou que dinheiro não aceita desaforo. Adoro essa frase. Ganhamos bem e temos uma vida confortável, mas quero ter uma velhice tranquila. Não saio gastando como maluca. Quem o faz mostra o vazio que existe por dentro.
Futuro
LR: Meu objetivo é ser diretor. É um lugar que descobri ser de muito prazer. Mas não sei se a transição será radical a ponto de deixar de ser ator.
TA: Quero voltar a estudar. Essa é a minha maior questão hoje em dia. Não sei se faço uma pós, se termino a graduação em teatro, se me matriculo para cursar história ou se fico em casa cuidando das crianças. Tenho vontade de fazer tudo, mas não dá! Mas se quiser fazer faculdade com 70 anos, vou lá e faço!
LR: Ela estará estudando aos 70 anos e eu, curtindo a vida (eles gargalham juntos). Vou ser um velho que não faz nada, só viaja, come bem e pensa sobre as coisas do mundo. Meu sonho de velhice era ter dinheiro para ficar viajando naqueles cruzeiros incríveis, ver o show do Roberto Carlos. Quer dizer, nessa época vai ser o cruzeiro doLuan Santana (risos).

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