Hélio Consolaro*
Dizem que para ser político necessita-se ter moela, estômago
posterior das aves que mói qualquer coisa. Na verdade, a atividade política
exige paciência e senso de oportunidade.
Estou aproveitando esse “não” que a vereadora Tieza disse ao
prefeito Dilador Borges, ambos do PSDB, ao convite para ela ser a líder do
governo na Câmara Municipal de Araçatuba, para explicar algumas coisas que acontecem nas
articulações políticas.
Não tenho nada com os problemas de outros partidos
políticos, não estou querendo ensinar o “pai-nosso para o vigário”, mas como
construtor da cidadania, não deixo passar a oportunidade. A lição fica melhor
dada quando o exemplo não tem envolvimento próprio do autor do texto.
Algumas pessoas estranharam o “não” dito ao Dilador, porque
Tieza por duas legislaturas (8 anos) foi a única representante do PSDB na
Câmara Municipal de Araçatuba, fazendo oposição sistemática. Merecia ser a
presidenta ao se tornar situação.
Quando se faz uma composição política ampla, como fez
Dilador Borges para se eleger, o prefeito é de todos os partidos. Se ele
privilegia o partido dele em tudo, rompe-se a aliança feita. Então, ele deixou
que a presidência da Câmara ficasse com um vereador de outro partido, o PSB, o
Papinha.
A Tieza teimou em ser candidata à presidência do Legislativo
araçatubense com apoio da oposição. O ego falou mais alto. Isso provocou um
esgarçamento na relação entre vereadora e prefeito. E quando foi convidada para
ser a sua líder, ela lhe deu um “não” bem sonoro.
Com certeza, Dilador sabia que ia ouvir o “não”, mas quis
fazer o convite para que as porteiras do caminho ficassem bem marcadas.
Como dizia um amigo: “Esse povo é tinhoso, consegue descalçar
as meias sem tirar os sapatos dos pés”. Nada disso. Só basta saber que o último
sentimento que morre não é a esperança, mas a vaidade.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro
da Academia Araçatubense de Letras.
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