Natal brasileiro de açougues vazios. Quem provocou isso?

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

A carne é fraca, o espírito vacila, mas a gente se acostumou tanto a comer com sustância que dá uma fraqueza... Só ovo (que anda subindo de preço também) com abobrinha não dá.

A Helena me mandou comprar carne, pois os netos iam almoçar em casa. Chego a um açougue que vivia cheinho de gente, nenhum cliente, apenas este cronista. Os balconistas sorriram, mas eu já fui avisando:

- Não se animem, quero apenas 1,5kg de carne moída!  

Os vegetarianos devem estar comemorando com a crise, todo mundo comendo salada. Adeus carne vermelha, mas o preço do frango está subindo também. Bolsonaro foi pintar a Muralha da China de verde-amarelo, pois o Trump já percebeu que presidente brasileiro é outro doido. Tal e qual.

Há gente que demora para entender a situação à sua volta. A "ficha não cai", como se dizia antigamente quando o telefone público era acionado por fichas de metal. 

Há gente ainda querendo organizar churrascada neste fim de ano. Não precisa se privar da convivência dos amigos, invente outro tira-gosto, outro alimento. Ou se endivide, compre carne pelo cartão de crédito, parcelado.

Há alguém que provocou tudo isso, negligenciou a política econômica e deixou o seu povo com as festas do Natal e do Ano-novo bem pobres. 

Bolsonaro e Paulo Guedes, presidente da República e ministro da Economia respectivamente, preferiram encher os bolsos do agronegócio (ou pecuaristas), deixar o povo chinês feliz a defender o povo brasileiro. 

Dizem que a alta vai durar pouco (tomara!), mas segundo os economistas, a luz no túnel está longa. Duas coisas fizeram a China comprar a carne brasileira: o boicote norte-americano, a peste suína que graça naquele país. 

E para o chinês pagar barato por nossa carne, o nosso governo subiu a quantidade de real necessária para comprar um dólar. Dólar alto, exportação barata; importação caríssima. Um negócio da China!

Nessa jogada, a carne está ficando proibitiva no Natal do brasileiro. Como a gente importa muito trigo, daqui a pouco o preço do pão vai lá em cima.   

Não estou torcendo contra, caro leitor. Quero ver todos vivendo na fartura. Como sou jornalista, escritor e professor, tenho um estudo a mais, sou obrigado a informar meus conterrâneos.

Quero apenas fechar a crônica dizendo que tudo está acontecendo porque o governo quis (ou o Bolsonaro não está governando?). O governo chinês defende o povo dele, faz o melhor para isso. Como temos um governo que está a serviço dos maiorais, deixa a gente nessa situação: comemorar o Natal sem carne. 

Houve tempo em que havia churrasco e cerveja em todos os fins de semana. Lembra? Que saudade! A carne vermelha vai voltar.