AGENDA CULTURAL

6.4.20

Mandetta e o maledetto - é o cão na casa do terço


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Há situações em que as pessoas mudam de lado, algumas por convicção e muitas por interesse. Na hora do quente da batalha, alguém passa para o lado do inimigo, porque percebe que seja a única saída. Lembrem-se de Teotônio Vilela na campanha Diretas Já.

Assim é a briga entre o atual ministro da Saúde, o Mandetta, e o presidente Bolsonaro diante do coronavírus. O objetivo dos dois era acabar com o Sistema Único de Saúde, mas na briga sobre o coronavírus, o ministro botou o colete do SUS. Não sei se converteu mesmo ou é oportunismo.

Eis que encontrei no Facebook, uma crônica de Sérgio Camargo que dá mais detalhes: 


Meus heróis morreram de overdose e meus inimigos estão no Poder (Cazuza)

Mandetta sempre foi lobista da Associação Médica Brasileira, da Unimed, Amil e dos seguros de saúde privados. Trabalhou incansavelmente pela destruição do SUS.

Temos estudado cada medida sua que acabou com o Programa Mais Médicos (PMM), desfinanciou a Atenção Primária à Saúde (APS), a Estratégia Saúde da Família (ESF), os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), os Centros de Apoio Psicossocial (CAPS). 

Retornou o antigo modelo de hospitais psiquiátricos entre outras medidas que privatizam a Atenção para o mercado de planos e seguros de saúde na direção de um Novo INAMPS. É só verificar as alterações na Política Nacional de Atenção Básica entre outras portarias recentes do gênero que consolidam o sucateamento do SUS...

Agora, neste momento grave de crise, o Ministro recorre ao SUS como sua tábua de salvação política. Diz o adágio popular:
"Em terra de cego quem tem um olho é rei". 


Mas o fato de ser médico entre tantos ignorantes e lunáticos não o transforma em um herói nacional.

- Eu sei o que você fez no verão passado!

Claro, se ele sair entra mais um militar, o Diretor da Anvisa. Aquele que acompanhou Bolsonaro na primeira sessão de disseminação do coronavirus às portas do Palácio do Alvorada...

Em política, fala-se em aliado circunstancial. Nessa esteira, lá vamos nós usar as armas do Mandetta contra o maledetto.

Um comentário:

Unknown disse...

Amo suas suas colocações inteligentes com uma pitada de humor, aí eu pergunto e nós, onde entramos?