Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Fernando Haddad, derrotado na disputa da presidência da República em 2018, andou dizendo por aí que Bolsonaro era o "Senhor das mortes".
Há senhor disso, "Senhor dos Anéis", há senhor daquilo, mas Haddad alcunhou o atual presidente de "Senhor das Mortes"; classifiquei tal expressão recurso de oratória.
Pensei até que era exagero, mas atualmente concordo com Haddad, porque não se vê Bolsonaro fazendo algum gesto de amor. Ele só lamentou as milhares de mortes provocadas pelo coronavírus depois de muita cobrança. Morreu? "E daí?" Apenas 79.535 mortos até o momento.
Na campanha eleitoral, o gesto era a arminha. Arma está ligada à morte, pois quem a usa vê todos os outros como potenciais inimigos. Está sempre armado.
E ele não ficou apenas no gesto. Podado aqui, podado ali, mas conseguiu baixar decretos abrindo o comércio de armas. Agora, as mortes acidentais provocadas pela família ter armas em casa começam aparecer.
O programa do Fantástico neste domingo (19/7/2020) exibiu uma reportagem sobre a tragédia que acabou com a vida de uma adolescente de 14 anos no Alphaville, em Cuiabá-MT. Ela foi morta por um suposto disparo acidental. Exemplo de excesso de armas numa casa.
"Dados da Polícia Federal, obtidos pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação, mostram que, em 2009, 8.692 novas armas foram registradas — o número saltou para 60.973 no ano passado. Em 2020, até abril, já foram 33.776". (O Globo, de 20/07/2020)O presidente não está nem aí com as mortes da pandemia. Ele deve estar contente, pois os velhos morrendo, ele alivia os cofres da previdência social. Para cada morto, menos salário de aposentado e pensionista. Bolsonaro ri à-toa com os idosos morrendo.
As forças políticas da nação estão esperando o momento oportuno, deixando o "home" purgar-se, desmilinguir-se na condução do país. Até ele cometer algo que comova toda a nação para remover o traste. Seria isso? Sou otimista?
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