Frequente conclusões falsas - David Magila |
Afasta-se de mim o sorriso
do paraíso tão ausente quanto a
perfeição.
Tão remota!
Mas
tenho, em verdade, pouco tempo para esses olhares.
A vida presente enseja obviedades: vivemos à sombra do fascismo.
Desmanchará no ar ou exigirá murros para cair? Atento, olho a imensidão das coisas em pontos muito menores: amanhã, de novo,
serei poeira das estrelas. Esquecido.
Mas o que ficará? Continuarei apaixonado igual a arco-íris por você, pelas coisas que
vivi? Enfrentando todas
as dúvidas, tomarei o nome de Deus em vão. Escolherei um!
Descobrirei que a
seu tempo vão me chorar e esquecer. Alguns, maldizer. Nesse exato momento, nesses quase setenta anos não quero faca nem
queijo. Quero ter fome! Quero as mãos de quem me ama, daquelas que não traem. Quero
ter lutas! Quero quem luta cada momento por dignidade! Quero
audácia! Quero audácia de quem enfrenta a repressão nas ruas. Sabemos que a morte nos beija a boca a cada segundo nesse viver: espreita.
Ah essa pandemia tão mal ajambrada que nos impede de gritar nas ruas
nossas iras! A
pleno pulmões!
E
que é tempo de olhar mais para trás, saborear os feitos e sorrir... Cauteloso.
Olhar
para frente, pacientemente ousar. Sair da petrificação das das poltronas. Meus viveres são compassos de gente ida, amadas, todas desmilinguidas em
mim. Passado importa? Sei não... Às vezes sim, outras não, mas sempre nos
espreita.
Lembro sempre daqueles/as que compartilharam meu viver. Onde aprendi a ser.
Estaria quase bem se não
fosse essa teimosia tamanha de saudades
de ontem. Abraçar os nossos, visitar
todos, beijar bocas. Soltar o tesão contido. Fecharei os olhos e tentarei sentir: há mais da gente no tempo do que memórias. Dançarei em corpos suados de amores passados, perdidas as ausência.
Os ontens sempre parecerão brilhosos nos espelhos do hoje quando os
revemos.
Marcos Francisco Alves é professor aposentado da rede de ensino estadual de São Paulo: 18 99744-0047.
Um comentário:
Obrigado , meu caro...
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