AGENDA CULTURAL

30.11.20

Parabéns, Araçatuba. Envelheço na cidade

 

Vista parcial de Araçatuba: setembro de 2020

Hélio Consolaro é professor, jornalista de escritor. Araçatuba-SP

Suas ruas, passei por elas. Carregado no colo, andando para ir à escola, buscar a namorada. Pedalei muito pelas ruas de Araçatuba, entregando faturas, fazendo cobranças, vendendo banana, catando algodão. Pedi emprego de porta em porta nas lojas.

Embora a cidade tivesse muitas bicicletas, as ruas do rebalde (hoje o termo usado é periferia), eram apenas empedradas, parecendo a parte histórica de Parati-RJ. A cidade era do asfalto, apenas no centro. 

O sonho do menino pobre era ter uma magrela nova. Eu era bicicleteiro, não praticava o ciclismo, usava o veículo por necessidade. Quando comprei uma Monark zero, foi roubada. Não posso deixar de contar esta a meus leitores: naquela época, as magrelas tinham placas e pagava-se licenciamento. Número do quadro e placa eram as identificações. Até que cheguei à mobilete, à moto e ao carro.

Nas ruas de Araçatuba, fui filho, hoje sou pai; fui neto, hoje sou avô; fui aluno, já fui professor, até me chamam de mestre. Já olhei a cidade de vários lugares. Como bicicleteiro, detestava o comportamento de motoristas no trânsito; dirigindo carro, não gostava de gente que andava em duas rodas. 

A cidade não envelhece, mas eu estou com minhas ruas velhas, por elas me lembro das antigas lojas, dos pomares que hoje estão asfaltados, das lagoas que hoje são proibidas. As ruas de Araçatuba fazem esquina em meu coração.

Conheci a Câmara Municipal (fui vereador) e a Prefeitura de Araçatuba (fui secretário municipal) por dentro. Fui presidente de meu Rotary e da Academia Araçatubense de Letras por duas vezes. De subalterno, passei a mandar um pouquinho, mas não me sujuguei às tacanhas botas. Eu me juntei a quem não me via como serviçal.

Até parece que estou magoado. Não. Estou feliz, sem  me preocupar com as riquezas deste mundo, pois o planejamento de minha vida virou realidade. E Araçatuba não é uma velha, velho sou eu, mas ainda vejo suas belezas, por exemplo, as luzes de Araçatuba, como canta Magno Martins. 

Um comentário:

Alcino disse...

Eu faço parte desta cidade maravilhosa