A biologia do osso permite extrapolar sentimentos e filosofia de vida: interessante!
Alguns pontos da “filosofia” e “inteligibilidade” dos ossos!
1. Aprender e
desaprender sempre! Com dinamismo exemplar, os ossos se renovam e remodelam a
todo instante para atender as necessidades funcionais e adaptativas. Chegamos a
ter 7 a 10 esqueletos na vida.
2. Solidariedade
absoluta para servir. Quase a dizer: estou aqui para te fazer feliz, no que
quiser! Sem ossos o corpo não
responderia as ordens cerebrais para amar, trabalhar e viajar. A mente depende
dos ossos, incrível!
3. Seja
firme, mas flexível. Ao vivo no corpo, osso não parece pedra e nem cristal, se
compara a uma borracha muito dura, mas flexível para uma adaptabilidade a
certos esforços em determinadas situações como acidentes e movimentos
inesperados.
4. A arte de
articular te leva aos caminhos. Se tem alguém que participa de articulações são
os ossos participando de tudo o que se faz. Articulam com os iguais, mas também
com os diferentes tecidos moles, músculos e tendões. Participa de articulações
perigosas e sensíveis como no crânio e até das minúsculas relações dentro do
ouvido.
5. Ser
participativo! Atue em todos os processos no trabalho, social ou de lazer. No
corpo tudo tem participação do osso com seus minerais levados a todos os
lugares pelo sangue que ele mesmo produz no seu interior.
6. Não seja
incisivo, cortante e afiado! Isto vai magoar as pessoas. Ossos não têm quinas,
ângulos vivos e bordas afiladas para não machucar os tecidos vizinhos como
pele, mucosas e músculos. Quanto machuca alguém porque em alguma parte criou se
bordas finas, logo pede desculpas e arredonda a parte cortante.
7. Proteja os
seus amigos e vulneráveis. As vísceras são muito especializadas e frágeis aos
fatores ambientais. Fígado, rins, cérebro, pulmão e o coração precisam ser
acolhidos, abarcados e protegidos; o osso oferta esta proteção de forma
exemplar e as vezes até se fratura nesta missão.
8.
Tenha
memória, não esqueça as origens. Quando um cachorro encontra o osso seco não
larga, pois dentro da massa mineralizada ainda tem pequenas e milhões de células
lá dentro protegendo o DNA daquele indivíduo. Mesmo queimado, um fragmento
pequeno pode fornecer DNA para identificações. A parte mineralizada incorpora
proteínas e íons, guardando informações do estilo recente de vida. O cachorro
sente que dentro do osso seco ainda tem carne!
9. Perdoe,
esqueça e siga em frente! Os sinais de uma fratura, cirurgia ou lesão feita no
osso se apaga em alguns meses ou poucos anos. Na remodelação constante, os
sinais ou marcas na renovação são trocados por osso novo sem mágoas ou
tristezas das feridas anteriores. A mágoa só faz mal ao hospedeiro!
10. Conecte-se!
Na parte mineralizada do osso tem uma rede com milhões de células interconectadas
chamadas de osteócitos que se comunicam com as células das superfícies interna
e externa. Esta rede tridimensional capta qualquer alteração na função e forma
do osso. Se precisar esta rede modifica a sua forma e volume se adaptando
perfeitamente.
REFLEXÃO FINAL
Os
206 ossos do adulto têm várias formas, tamanhos e estão articulados entre si e
com cartilagens, músculos e tendões. Isto permite que o corpo ande por aí, integrando
o ser humano ao meio ambiente. Essa integração o osso também pratica com sua
parte líquida, pois é quase verdade que o sangue é fase líquida do osso,
levando e trazendo seus componentes sem os quais morreríamos.
Sem
ossos, os nervos não funcionariam, o coração sem o cálcio não bateria e nem os
pulmões se suportariam fisicamente! O cérebro nem pensaria, pois nem lugar para
ele existiria! Uma singela sugestão: deixemos de usar o coraçãozinho como
símbolo do amor e sentimentos, ou considerar o cérebro como senhor dos
pensamentos e sede da inteligência. Usemos um esqueletinho para simbolizar a
vida!
E
tem mais: osso tem plano B, tudo nele tem redundância e se quebrar, tem outros
para compensar e repor! Se lesar osso não morreremos, ele tem empatia e noção
de conjunto. Se lesarmos o coração ou o cérebro, a brincadeira acabou! Osso tem
noção de conjunto! E nós, humanos? Temos este grau de inteligibilidade em nossa
mente?
Alberto
Consolaro – professor titular da USP, FOB
Bauru-SP consolaro@uol.com.br
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