O fim dos tempos sempre constou do repertório dos antigos, dos profetas, das videntes, das cassandras, das bruxas. O assunto foi roteiro para cinema e conteúdo para literatura. Havia até a previsão catastrofista de que dos mil passaria, aos dois mil não chegaria. Chegou.
Não se sabe até quando os tempos perdurarão (se os dois mil foram uma segunda chance), pois as profecias anunciavam que o fim seria marcado por acontecimentos inéditos de antecedentes e de perversidade. Seriam muitos os “sinais”, embora sete, por ser cabalístico, seria a conta exata.
Embora em curso, os tempos seguem num crescente de perversidade com homicídios, feminicídios, infanticídios, matricídios e parricídios em escalada jamais vista. Falsos líderes violentando a carne de quem lhes confiou a cura do espírito. “Messias” transformando em seitas satânicas templos edificados para serem sagrados.
Adoradores da sevícia e aduladores de satã pregam o ódio, uma das cabeças da Hidra de Lerna, que uma vez decepada se multiplica em duas. A peste ameaça dizimar uma população, enquanto Nero toca lira. A fome avança sobre o gentio, ao passo que Salomão e seus iguais contabilizam cedro, prata e ouro. Fogo nas matas, veneno nos rios e degradação do solo pelo fim de todas as formas de vida.
A Besta teria características humanas, gerada por uma mulher e com pai de carne e osso. A diferença entre ela e as demais criaturas não estaria em sua natureza, mas em seu propósito de vida. Assim sendo, o tal monstro já estaria habitando entre nós? Certos humanos que topamos a cada esquina seria uma potencial besta, contra a qual qualquer luta se faz inútil, visto que cada cabeça cortada se multiplica em duas?
Acontecimentos inéditos se sucedem a cada dia, embora muitos fora dos sete cabalísticos, como uma criatura cuspir na mãe e ir ao cinema. Não, não é o fim dos tempos, apenas a continuidade. O dito popular nos ensina: “Quem sai aos seus não degenera”.
*Antônio Reis, jornalista e ativista do Grupo Experimental da ALL.
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