Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Confesso que até 1988, eu nem sabia como se comportar diante de um homossexual, não tinha experiência. Não era um comportamento tão assumido diante da sociedade. Até que fui candidato a prefeito de Araçatuba pelo PT e havia um candidato a vereador que era o "veadão da cidade", sujeito de família conhecida e tradicional carnavalesco, o Antônio Carlos Spironelli. Ele enfrentou tanto no argumento como no braço os homofóbicos da época, que não eram poucos.
A coordenação da campanha eleitoral designou Spironelli para me acompanhar na visita de porta em porta do comércio local, um corpo a corpo para qualquer capiau como eu perder o acanhamento. E assim, diariamente, andávamos juntos. E perdi a timidez diante de uma pessoa com comportamento diferente.
Nas escolas, como professor não era comum ter na sala de aula um algum aluno ou aluna que assumisse a homossexualidade. As coisas eram disfarçadas. Mas quando assumi a Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba-SP (2009-16), encontrei homos de montão, de baciada. A criatividade deles encontram acolhida no mundo cultural como agentes.
As minhas leituras de livros europeus de que uma cidade que trata bem seus homossexuais é culturalmente avançada me apontaram caminhos.
Com essas experiências, participei de uma discussão em videoconferência no Rotary sobre "desenvolvimento do quadro social" tendo em vista o novo ano rotário, quando um companheiro já madurão, de Campo Grande-MS, expôs que estava constrangido porque o Rotary Internacional "havia aberto as porteiras" para LGBT+.
As palavras inclusão e diversidade foram invocadas pelas lideranças nos argumentos: os clubes não devem rejeitar o acesso de uma pessoa porque ela seja homossexual, aliás, deve ser bem acolhida, mas também o clube não vai se transformar em trincheira de suas bandeiras.
O exemplo mais positivo veio do companheiro de Rotary, o Edson Batista, do Posto da Rotatória na avenida Brasília, Araçatuba-SP. Ele admite seus colaboradores, mais de 30, já trabalhando é que vai descobrindo as orientações sexuais deles sem nenhum trauma. Assim deve ser a vida. A sua fala encerrou os debates com grande aprovação.
Desarmar os espíritos, o outro não é um inimigo, tolerância, compreensão e amor. Assim construiremos um mundo de todos. Essas lições foram dadas por Paulo Gustavo em sua vida.
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