A crise econômica anunciada, agravada ou não pela pandemia, bateu à porta e cada um procura se virar como pode. A equação mais simples para equilibrar a balança quando a receita cai, é o corte de despesa. Se a gastança não for contida, a capacidade de endividamento se esgota, o risco de falência aumenta e o crédito cai. Meu pouco tempo de estudante de Economia não foi totalmente em vão...
Diante da possibilidade de calote de um
credor, decretei que minhas contas passariam por um ajuste fiscal. E como
ensina o “bom manual” dos nossos dias, comecei a cortar despesa pela chamada
economia criativa. Assinatura de jornais, portais de internet, TV por
assinatura, plataformas streaming, aquisição de livros, cursos EAD, plano do
celular e viagens de fim de ano.
Vinhos, cervejas, queijos e salames viraram
commodity, com entrega presente para consumo futuro. O dólar impulsionou a alta
dos chilenos e argentinos, assim como das cervejas importadas. Com a
desvalorização da nossa moeda, os queijos se tornaram atrativos para
exportação, o que provoca escassez interna, pressionando o preço do produto no
varejo. A inflação do vinho/queijo impacta mais os assalariados com o hábito de
passar noites de sábado ouvindo jazz/blues acompanhados de um bom tinto com
gorgonzola (a economia criativa volta a ser diretamente afetada).
Equipamentos eletroeletrônicos ligados na
tomada, só a geladeira para não azedar o leite. Banhos frios, mesmo com tempo
sujeito a chuvas e trovoadas. Quente só caldos, chás e café. Café?
Moderadamente, pois desde a rigorosa geada de 1975 não se tem notícia de preço
tão elevado.
O reajuste dos combustíveis, dizem os
especialistas, é repassado em todos os produtos porque o país prioriza o modal
rodoviário para o transporte de cargas. Enquanto os combustíveis reajustam os
demais preços, o efeito é contrário nos salários que passam a valer menos e a
grana que antes comprava carne, hoje mal dá para os ossos ou pé de frango.
A crise econômica ensina, e Economia é uma
matéria que se aprende na prática. Talvez essa constatação tenha me levado a
abandonar o curso, pois em ao menos um ponto concordo com o ex-ministro do
Planejamento, Roberto Campos: “Três coisas levam um homem à ruína: mulherada,
jogatina e conselho de economista”. E assim, cada um se vira como pode e a exemplo
do sapo, dá seus pulos por necessidade.
(*) Antônio Reis é jornalista e ativista do Grupo Experimental da AAL.
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