Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Quando eu lecionava no ensino fundamental II,
antigo primeiro grau ou ginasial, eu usava um kit da Universidade Federal de
Santa Catarina para formar o senso crítico nos alunos ao ver televisão. Havia a
fita de vídeo e os caderninhos.
Desenvolvia também o projeto “Jornal na sala
de aula” da Folha da Região de Araçatuba, na mesma linha de formar o senso
crítico e aprender a ler jornal escrito. Como professor de Português, eu
ensinava a língua na literatura, mas também na mídia.
Atualmente, com tantas fake news espalhadas
pelas redes sociais, internet, se devia fazer o mesmo na escola. Ensinar ao
aluno ser seletivo diante desinfomações. Como estou aposentado do magistério,
talvez haja esse trabalho e não tenho conhecimento.
Um dos pontos mais importantes que o
professor deve ensinar, principalmente nas aulas de redação, é a diferença
entre OPINIÃO (juízo de valor) e FATO (juízo de fato).
Exemplo apresentado por apostilas: Se disser:
"Está chovendo", estará enunciando um acontecimento constatado e o
juízo proferido é um juízo de fato. Se, porém, falar: "A chuva é boa para
as plantas" ou "A chuva é bela", estará interpretando e
avaliando o acontecimento. Nesse caso, proferiu um juízo de valor.
Passando para a política. Se disser que
Bolsonaro passou a semana do ano novo em Santa Catarina e saiu de lá internado
num hospital, trata-se de fato, juízo de fato. Se escrever que o presidente
Bolsonaro terminou suas férias em Santa Catarina e foi descansar num hospital,
pois não gosta de trabalhar, então o trecho é opinativo. Ambos não são fake news.
Seria fake news se o redator escrevesse:
Bolsonaro foi internado num hospital, após passar férias em Santa Catarina
porque sentiu dores na barriga por consequência da facada levada em 06/09/2018
em Juiz de Fora. Aí se tem fake news, pois a causa da dor não foi essa.
Às vezes, ou quase sempre, o presidente faz
da fake news uma mentira deslavada, sem sutileza. Tais comportamentos aparecem
mais nele porque é uma alta autoridade, mas esses dois comportamentos nada
éticos existem desde quando a humanidade está na Terra.
Sem fazer política partidária em sala de
aula, mas desenvolvendo o senso crítico nos alunos, que já é uma revolução, o
professor faz avançar a educação para a cidadania. Nos tempos atuais,
principalmente nas aulas de Ciências (Biologia, Física, Química, etc), por onde
grassa a desinformação.
A sociedade precisa descobrir a importância
do professor, e o magistério ter consciência de sua força. Por isso que os seres
das sombras detestam tanto os mestres.
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