AGENDA CULTURAL

1.1.22

Que fiquemos com braços compridos! - Alberto Consolaro

Sempre necessitaremos do outro a vida toda, mesmo que tenhamos muito!

O pré-adolescente disse para o anjo: - Na prática, preciso saber o que é egoísmo, individualismo e ao mesmo tempo falta de inteligência! Um senhor, depois uma senhora, outro garoto, foram se juntando em torno do anjo para ouvir a explicação.

Por mais que explicasse, aqueles humanos recém-chegados não compreendiam o significado dessas palavras e sentimentos. Nem entendiam o contrário de egoísmo, o que era solidariedade, amor ao próximo, cooperação, empatia e o conceito da verdadeira inteligência! O anjo pediu licença, foi lá dentro da nuvem conversar com um superior, talvez algum espírito ou santo mais evoluído, e voltou propondo um passeio para demonstração.

Todos entraram em sua nave celestial movida a vapor d’água e confortavelmente foram passear no universo e chegaram a um planeta no qual se tornaram invisíveis para os habitantes. Podiam conversar e se movimentar à vontade, apenas não conseguiam interferir no ambiente e habitantes não os viam. O anjo disse: vamos entrar numa casa de cada planeta.

Nos dois planetas, seus habitantes eram quase iguais aos humanos, apenas os seus braços mais compridos que os nossos, de tal forma que o cotovelo ficava bem adiante do que o nosso atual e dobrava muito pouco. Os habitantes não conseguiam levar nada até a boca com as mãos pela distância e falta de movimento.

AS CASAS

No primeiro planeta, os visitantes perceberam que os habitantes eram iguais aos terráqueos, apesar dos braços longos. Ao entrar na casa o anjo foi chamando para observar os habitantes durante a refeição. Cada um deles tinha grandes reservas individuais de alimentos, mas eram muito magros, quase que raquíticos e nada dividia com ninguém! Havia uma dificuldade muito grande na alimentação, mas guardavam suas comidas como fossem ouro. Cada um acumulava cada vez mais na vida!

Já no segundo planeta, ao chegarem, notaram a diferença com o primeiro, pois eram habitantes eram iguais ao do primeiro, mas bonitos e saudáveis, sugerindo ser muito bem alimentados. No tour pela casa escolhida, o anjo mostrava os armários, e percebiam que na refeição havia uma quantidade normal de alimentos, sem acúmulos individuais; era pouco, mas suficiente para todos. Eles não conseguiam se alimentar, levar o alimento até boca não era possível.

No entanto, no horário das refeições havia sorrisos e alegrias partilhadas. Neste planeta, os habitantes logo perceberam que um podia alimentar o outro mesmo com seus braços compridos. A hora da refeição era solidariedade e cooperação total entre as pessoas! Ninguém passava fome e viviam felizes! Um alimentava o outro com seus braços compridos. Eles se elevaram de nível evolutivo quando descobriram o sentimento de solidariedade, espírito de grupo e cooperação.

REFLEXÃO FINAL

Ao voltarem o anjo questionou: aprenderam o que é egoísmo, egocentrismo, individualismo e ao mesmo tempo falta de inteligência? Um deles era professor e disse: lá na Terra tem gente que acumula e não divide, enquanto a maioria passa fome! O pensamento tóxico predominante no planeta é o individualismo e egoísmo. Poderíamos ter braços compridos!

Para que carros e casas blindadas se nem podem desfrutar o planeta pela pobreza e condições ambientais desiquilibradas em que se vive com rios podres e cidade suja! Cuidar de todos é antes de tudo, uma questão de inteligência!

Alberto Consolaro – professor titular
pela USP - consolaro@uol.com.br

 


Nenhum comentário: