AGENDA CULTURAL

3.3.22

Efeito da vacina é temporário, mas é vital - Alberto Consolaro

O conhecimento sobre um problema ilumina os caminhos, como na pandemia

 Dois anos depois de pandemia, ainda é importante escrever sobre a doença, especialmente sobre vacinação e expectativas.  

1.   As vacinas anticovid têm duração de imunidade eficiente entre 4 a 6 meses.

2.   Não é mais interessante sabermos quantas pessoas tomaram a primeira e segunda dose desde o início da pandemia, e sim sabermos quantas o fizeram nos últimos 4 a 6 meses.

3. Quem tomou a primeira e segunda dose não está completamente imunizada, mas muitos insistem em usar estes termos. As vacinas não são infalíveis e oferecem muita proteção, mas “completamente” é muito forte e pode enganar os menos avisados. Seus efeitos são de curta duração, comparados com outras vacinas como a do sarampo.

4. Se quem tomou a primeira e segunda dose fosse “completamente vacinada”, não existiria a terceira dose ou dose de reforço. Sim, é muito interessante sabermos quantas pessoas já tomaram a terceira dose nos últimos 4 a 6 meses.

5. Na prática, se a última dose vacinal anticovid já completou 6 meses, o indivíduo está desprotegido de forma significante. Qualquer outra explicação em cima disto deve ser vista com desconfiança.

6. É muito interessante saber quantas pessoas estão no período ativo protetivo da vacina, ou seja, quantos tomaram vacina nos últimos 4 a 6 meses. Dizer que estamos com mais de 80% vacinados na população, na prática, não corresponde a dizer que estão 80% muito ou totalmente protegido. A maioria destes 80% tomaram a vacina a mais de 4 a 6 meses e seu efeito maior já passou!

7.   Por esta razão, os gestores mais sérios de saúde estão lutando, e alguns já viabilizaram, uma quarta dose vacinal.

8.   Reconheçamos o valor destas vacinas, mas agora precisamos desenvolver vacinas mais eficientes quanto a proteção e quanto ao tempo de imunidade. E o mundo corporativo da indústria farmacêutica não demonstra publicamente esta preocupação. Qual seria a razão deste suposto comodismo?

9. Pelos numerosos efeitos tardios do coronavírus no organismo, não vale a pena sob qualquer argumento desejar ter a doença, até por que ela não oferece imunidade a quem já teve, a não ser por apenas algumas semanas, bem menos do que qualquer vacina. E o vírus pode permanecer por meses nos intestinos e linfonodos, podendo desenvolver a autoimunidade.

REFLEXÃO FINAL

Em síntese, ainda é muito grande o número de pessoas desprotegidas entre nós que se acham protegidas, pois um dia, há mais de 4 a 6 meses atrás, tomaram a vacina ou tiveram a doença. Não se ressaltou à população, que o efeito da vacina é temporário e as pessoas passaram a levar uma vida normal. Infelizmente, a qualquer momento, estas pessoas podem contrair a doença, apesar de estarem “vacinadas”! Elas “estiveram” vacinadas por 4 a 6 meses, depois disto, voltam a correr risco, embora o risco de morte diminua!

Pelos motivos mencionados, em nosso meio, ainda é precoce e perigoso deixar de usar máscaras, não usar mais o álcool gel nas mãos, aglomerar-se e viajar! Infelizmente, muitas pessoas estão com a vacinação vencida, ou seja, já faz mais de 4 a 6 meses que tomou a última dose.

Aliás: - Há quanto tempo você tomou a sua última dose?  

 Alberto Consolaro - professor titular
pela USP - consolaro@uol.com.br

 


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