Pois é. Não é assim que deveria tudo na vida? Decência, responsabilidade
e educação: por que é tão raro, tão complicado? A simplicidade da cena: um
galão d’água deixado de porta em porta para o caso de os moradores terem alguma
eventual necessidade às duas horas da manhã, às três horas da manhã. Não é caridade, e sim direito do cidadão que paga
taxas e impostos. Eu não deveria me comover com isso, mas me comovo, porque a
gente cumpre com os compromissos como qualquer japonês, qualquer sueco,
qualquer canadense, mas onde está a
contrapartida? Acho que isso explica nossa desesperança de que uma eleição mude
alguma coisa. Já não acreditamos que um candidato consiga, não se deixa corromper
pelo poder, que possa governar sem dever favores para outros partidos, que
solucione as mazelas do povo em detrimento das negociatas. Política passou a
ter um sentido desvirtuado.
Ninguém obriga um homem ou uma mulher a se candidatar a um cargo
público. Se ele se oferece para a missão de governar, deveria fazer unicamente
por seu espírito altruísta. Mas soa como piada. Altruísmo na política
brasileira? Tolinho.
Um galão d’água na porta. Um serviço de atendimento ao consumidor que
funcione de forma fácil.
Um policial em cada esquina. Nota Fiscal entregue em todas as transações comerciais. Lixeiras por
toda parte. Ruas bem sinalizadas. Transporte farto, barato e que cumpra
horários. Hospitais com vagas dia e noite. Escolas eficientes. Confiança em vez
de burocracia. Sinceridade em vez de enrolação. Agilidade em vez de empurrar
com a barriga. Se todo mundo concorda que é assim que tem que ser, por que não
acontece, quem emperra?
Não é só culpa de quem governa, mas dos governados também. Só uma
observação, a sociedade civil não se
organiza ou se organiza sem eficiência para fiscalizar as contas públicas, com
vista aos princípios constitucionais da legalidade, moralidade e eficiência.
Governados viciados em retórica, seduzidos por vantagens exclusivas e não
coletivas, sempre se perguntando “como posso faturar com essa situação?, não
permitimos que o Brasil se moralize e avance.
Galão d’água na porta de casa? Só com um troquinho por fora, meu irmão.
Gervásio Antônio Consolaro, diretor da AFRESP, delegado regional Tributário e auditor fiscal da Receita Estadual, aposentado, contador, administrador de empresas, bacharel em Direito e pós-graduação em Direito Tributário, coach pela SBC.
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