AGENDA CULTURAL

3.3.23

Seja tolerante - Gervásio Antônio Consolaro

                                   

Conta a lenda que uma vez Henry Ford teve um prejuízo com um funcionário no valor de 60 mil dólares. Questionado se iria despedir o funcionário, ele respondeu que não poderia dar-se ao luxo de correr o risco de perder mais 60 mil dólares com outro profissional, pois esse novo profissional poderia vir acometer esse mesmo erro, enquanto o atual funcionário poderia no futuro recuperar muito mais.

        Nós temos de ser tolerantes com as pessoas com quem convivemos dentro de uma grande empreitada, com nossos filhos, com nosso cônjuge, com nossas amizades, com nossos colaboradores e colegas de trabalho.

O perigo da intolerância: deixá-lo sozinho.

Aqueles que pensam encontrar pessoas prontas, aptas, perfeitamente habilitadas têm grande chance de fracasso, por- que elas são raridades, praticamente não existem; achar pessoas prontas é como procurar “agulha em um palheiro”.

       Por isso, as grandes empresas, as bem administradas, possuem um plano de formação profissional consistente e designam um departamento inteiro devotado ao treinamento dos seus funcionários. Esse é um diferencial extremamente importante para as empresas. E muita gente ainda precisa “aprender a aprender”.

      Cada vez que eu encontro uma pessoa que passa a impressão de que já sabe tudo, com a equivocada sensação de que já está completa — o que é um grave engano. Como dizem “Se você pensa que está pronto, tente andar sobre as águas”.

Um bom exemplo

Oito da noite numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de alguns amigos. O endereço é novo, assim como o caminho, que ela conferiu no mapa antes de sair. Ele dirige o carro. Ela o orienta e pede que vire na próxima rua à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem.

Seja Tolerante

Percebendo que, além de atrasados, poderão ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe que estava errado. Ainda com dificuldade, ele admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há problema algum chegar alguns minutos mais tarde. Mas ele ainda quer saber. “Se você tinha tanta certeza de que eu estava tomando o caminho errado, deveria insistir um pouco mais.” E ela diz: “Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma briga. Se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite. E algo que aprendi com ênfase na minha vida de casada com você é que a melhor maneira de ganhar uma discussão é evitando-a. Por isso, tolero suas pequenas transgressões, pois você é muito maior do que elas”.

        Essa pequena história, intitulada “Ser feliz ou ter razão”, de autor desconhecido, foi contada por uma empresária durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Nós temos aqui uma verdadeira aula de habilidade na arte do relacionamento humano. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente de termos ou não.

       Não se trata de abolir a razão e buscar a felicidade por meio da aprovação do outro a qualquer custo. Também não significa deixar de expressar opiniões. Uma atitude assim poderia levar a muitas injustiças. Trata-se de avaliar quando realmente é necessário argumentar pela razão e quando isso é apenas um gasto de energia desnecessário, comprometendo nosso bem-estar. Ela deu uma demonstração prática do princípio: se for preciso, recue.

       Ela soube recuar na hora certa, amorteceu o impacto do desentendimento que se avizinhava. Clareou a situação. Um dos papéis mais nobres da liderança é saber formar pessoas, e para isso é imperioso ser tolerante. 

Gervásio Antônio Consolaro, diretor da AFRESP, ex-delegado regional tributário, auditor fiscal da receita estadual aposentado, formado em administração, ciências contábeis e bacharel em Direito.                      g.consolaro@yahoo.com.br


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