“Use a cabeça antes de perguntar”, é o que pede a Inteligência Artificial para funcionar bem
Se pedir um laudo de doença, tenho que saber os seus vários
nomes ou sinonímia. Para pedir texto ou figuras de inflamação no osso, eu terei
que ter um conhecimento mínimo de osteíte, osteomielite, osteoradiomielite,
periostite e osteoradionecrose. Se não perguntei certo, não terei respostas
adequadas.
Para eu conferir um artigo que pedi sobre papas, deverei
saber o nome e quais foram os principais desde a época de Cristo. E para
conferir, deverei conhecer um pouco sobre a igreja, já que “católica” e
“universal” são sinônimos e isto pode gerar uma confusão infernal.
MUITO FÁCIL
É tão fácil usar a IA, que as pessoas menores até as mais
velhas podem acessar. Fácil, e ao mesmo tempo muito prática, só se tem que ter
dois cuidados essenciais em dois momentos do uso da IA.
1) O
primeiro momento é conferir o que lhe ofereceu a IA em texto, figuras, desenhos
e outras artes. Se você não sabe muito sobre o assunto e é um incipiente com
“c” ou insipiente com “s”, aí você se danou. Como vai dar aval a uma coisa que
pouco conhece? Vai ter que pedir para o mais experiente, que leu mais sobre o
assunto, ou tenha já estudado, feito teses e até livros. Conferir se a resposta
está certa, requer cultura, sabedoria e experiência mínimas, próprias da idade
e leitura. Incipiente é neófito ou iniciante; insipiente é aquele que não sabe.
2) O
segundo momento, está na lição de uma frase que todos nós, incluindo os
intelectuais e cientistas, aprendemos com Sócrates. A sua frase mais importante
e famosa não é aquela que quase todos respondem: “ Quanto mais eu sei, mas
percebo que nada sei”. A sábia frase mais importante de Sócrates é simples e
curta: “posso perguntar?”
HÁ TEMPOS É ASSIM
Aonde Sócrates chegava, começava com perguntas inquietadores
que deixavam os jovens estimulados pela vida. Todos sabemos que as respostas
pouco importam, o que faz a gente evoluir são as perguntas bem-feitas. O bom
cientista é aquele que faz as perguntas certas, precisas e oportunas. São elas
que induzem a busca de verdades, as perguntas são as molas propulsoras da
humanidade.
Sócrates dizia que uma vida sem reflexões ou perguntas não
merece ser vivida. Ao procurar explicação para tudo, se pode entender a vida
verdadeiramente, sem hipocrisia. Para o uso viável, oportuno e produtivo da IA,
o grande segredo é como perguntar a ela. Mas, para chegar a esta pergunta, a
mente deve estar preparada, senão a resposta será ruim, incompleta, parcial e
inútil.
Por ser fácil de usar e como requer cultura, leitura e
experiência prévia, as pessoas mais velhas, experientes e cultas estão sendo as
contratadas para se usar a IA nos países desenvolvidos. O palestrante e
escritor Walter Longo se encanta ao falar do assunto, afirmando que o futuro
finalmente chegou, especialmente para os maduros!
REFLEXÃO FINAL
1. O educador
diferenciado e crítico tem o papel de ajudar as crianças e adultos na busca
consciente e científica da verdade, ensinando-lhes a perguntar sempre, até para
se autoconhecer. Para se perguntar e pedir à IA com eficiência, precisamos de
saber um mínimo de coisas. Quem sabe perguntar, já sai na frente! Agora, todos
os iphones terão o ChatGPT.
2. A IA
precisa de ajuda, pois se fosse tão inteligente assim, ela mesmo faria as
perguntas que precisamos para evoluir. Mas, ela só responde e não faz
perguntas. Eu conheço algumas pessoas que nunca fazem perguntas. Você também
conhece?
3. O mercado editorial envolve leitura e cultura e está se movimentando muito nesta direção. Agora contratam pessoas diferenciadas, que o mercado rejeitou por um bom tempo, pois estas pessoas sabem fazer as perguntas certas e checar as respostas dadas. Desta forma estão acabando com o etarismo no mercado! Que coisa heim! Uma reviravolta.
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
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