Hélio Consolaro
A assembléia geral da União Astronômica Internacional (UAI) decidiu ontem, em Praga, retirar de Plutão o seu status de planeta, passando assim a oito o número oficial de planetas do sistema solar.
Há pessoas que vivem de status. Mal sabem a decepção que passou muita gente que deixou de ser gerente de banco, perdeu todos os amigos.
E político que perde eleição? Como ratos de porão, os aspones desaparecem à procura de novo emprego. O séqüito de puxa-sacos vira pó. “Rei morto, rei posto, não tá mais aí.”
Nessas horas, há uma depuração, se conhecem os verdadeiros amigos. Pelo menos aqueles que valorizam o relacionamento humano.
Então, caro leitor. A humanidade novamente revela sua pequenez. Em assembléia, astrônomos, depois de muita discussão, retiram o status de planeta do Plutão, chamando-o de planeta anão.
Até me lembrei dos deputados federais que foram chamados de anões do orçamento. A que foi reduzido o pobre planeta. Cientistas como políticos se reúnem para discutir besteiras, como se fossem trocar nome de rua.
Que mudou o universo com essa mudança de categoria? Se mudança houve, foi no campo das abstrações. Plutão não se desintegrou, apenas mudaram a sua categoria.
Assim acontece conosco. Mudamos de categoria, e tais mudanças repercutem em nós fugazmente, como choro de velório, depois o ritmo da vida continua.
Aqui na Folha, vivemos mudanças radicais. Dona Odette Costa nos deixou definitivamente, partiu para outra dimensão.
Nosso editor-chefe Wilson Marini resolveu mudar de barco, será timoneiro do Diário do Norte do Paraná, em Maringá-PR, terceiro jornal daquele estado.
A falta dos dois repercute em nós. Claro! Naquela saleta, está faltando ele? Sim. A careca dele deixou de brilhar nesta Folha? Até escureceu a sala de redação. O Marini foi bom companheiro? Sem dúvida. E outros blábláblás.
Apesar de tudo isso, a moenda da vida continua, ela pegou Dona Odette na quinta, depois, outros, até chegar a minha vez. Ninguém fica para semente! Plutão, que era um planeta, foi rebaixado! Veja como ele sofre!
Daria para fazer crônicas chorosas, sentimentais por uma semana a fio? Não resta dúvida! É só jogar o holofote no lado bom de cada um, cada dia fazer um close da vida de cada um, e pronto!
Que quero dizer a você com essa frieza, caro leitor. Que a vida é isso, efêmera, uma pedra de gelo exposta ao sol. Então, curta os relacionamentos, as amizades, deixe de juntar coisas e dinheiro, de ser amargo, sorria, porque sua empáfia vai virar comida de vermes. Deixe de ser tão sério, viva e deixe o outro viver! Seja uma dádiva!
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