Hélio Consolaro
O boteco Bate Forte estava repleto de barrigudinhos nesta sexta-feira, Dia Nacional da Cerveja. Faca Amolada e Canela Louca, esbaforidos, atendiam aos pedidos aos gritos:
- Uma quadrada, aqui, pro degas!
Seu Sugiro gritava da calçada:
- Sugiro espetinhos de filé miau!
E os pedidos choveram para contentamento do japonês churrasqueiro.
Magrão se lembrou que era 25 de agosto, quando se homenageia Duque de Caxias. E levou o assunto para o caxiismo.
Burguês perguntou ao Dr. Duas Caras, ainda sóbrio, que achava do caxiismo, esse negócio de fazer tudo certinho.
Com toda a empáfia, Dr. Duas Caras repetiu o sociólogo Gilberto Freyre, autor de Casa Grande & Senzala:
- Os caxias devem ser tanto paisanos como militares. O caxiismo deveria ser aprendido tanto nas escolas civis quanto nas militares. É o Brasil inteiro que precisa dele.
Todos os barrigudinhos aplaudiram de pé a palestra do Dr. Duas Caras.
Bicho Grilo mostrou uma foto de um bar estrangeiro, um correlato do Bate Forte, meio reservado aos barrigudinhos da terceira idade: bar Paul Mole.
- Nesse bar eu não entro! – disse o Sr. Lamentáveis, septuagenário do Bate Forte. Ainda dou três por semana!
Gargalhadas gerais. Pá de cá, pá de lá, e Burguês fez a mesma pergunta ao Dr. Duas Caras, depois de três cervejas na cara:
- O Duque de Caxias é indigno do substantivo caxiismo que derivou de seu nome! Ele foi mesmo o comandante do genocídio americano, praticado na Guerra do Paraguai!
E continuou:
- Não seja caxias! Aliás, barrigudinho que freqüenta o Bate Forte não pode ser caxias nunca!
Miltão discordou:
- Eu sou caxias!
- Um sujeito que é parasita do poder público é mesmo parecido com o Duque de Caxias – respondeu Dr. Duas Caras.
Miltão foi de braço sobre o advogado, criou-se um rebuliço. Faca Amolada gritou:
- Rodada por conta da casa!
E todos riam e gargalhavam. De copos cheios, claro.
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