AGENDA CULTURAL

23.12.07

Papais Noéis bêbados

Hélio Consolaro

O boteco Bate Forte estava enfeitado para o Natal. Dona Assunta, Amelinha, Dona Moranga e Mimoso fizeram a decoração.

Dona Assunta administrava a cozinha e a boa aparência do Bate Forte, Amelinha mais marcava do que recebia no balcão. Seu Sugiro, na calçada, comandava a churrasqueira. Faca Amolada e Caneta Louca corriam, esbaforidos, atendo aos pedidos que vinham aos gritos.

Subversivo chegou com várias cartas que ele havia pego na agência do correio. As crianças depositaram com tanta fé os pedidos ao Papai Noel e elas foram parar nas mãos dos barrigudinhos do Bate Forte.

- Gente, cada um pega uma carta para responder, tá?

Um garoto queria ganhar um joguinho espacial, mas escreveu tudo errado. Bicho Grilo respondeu logo abaixo: “Não vai ganhar nada, desse jeito você vai ser servente de pedreiro. O joguinho vai para seu irmão, que é mais estudioso”.

Uma garota pedia paz e amor para o mundo. Subversivo, com sua sensibilidade, respondeu: “Garota, você anda fumando maconha. Parece Bicho Grilo”.

Um menino desejava um caminhãozinho do corpo de bombeiros. Magrão foi tragicômico na resposta: “Moleque, na madrugada do Natal, porei fogo em sua casa, assim terá todos os caminhões do corpo de bombeiros à sua disposição”.

E assim, as respostas eram lidas em voz alta. E todos riam, gargalhavam da maldade que faziam.

Dr. Duas Caras respondeu a uma carta de um menino cujo nome era Tibúrcio. Ele pedia uma bicicleta, um videogame, um computador, uma caixa de Lego, um cachorrinho, um pônei e uma guitarra. O advogado respondeu: “Quem lhe deu tal antropônimo? Não vai receber nada, pois pediu demais, quer tudo para você! Solicite a seu progenitor que troque o seu nome. Com ele, não terá futuro algum”.

A carta de um guri solicitava a Papai Noel que seus pais voltassem a morar juntos. Burguês respondeu: “Cara, deixe seu pai em paz. Ela está com um mulherão! Sua mãe é muito feia!”

As mulheres do Bate Forte, quando perceberam o que os barrigudinhos faziam naquela roda em torno de mesas, tripudiando sobre a ingenuidade infantil, foram em cima deles. Dona Assunta repreendeu:

- Vocês são cruéis. Há gente aqui que já é avô. Você, Subversivo, é um monstro!

Dona Moranga foi a pontapés sobre eles. Caneta Louca se aproveitou da confusão e registrou duas cervejas a mais para cada um. Faca Amolada gritou lá do balcão:

- Chega, gente! É Natal. Rodada por conta da casa!

Assim, a dupla Marmita & Passa Fome entoou hinos natalinos para suavizar a selvageria. E os barrigudinhos mergulharam nos copos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa! Malvadeza das grandes hein...
ehehehe
Feliz Natal!