AGENDA CULTURAL

29.6.08

A formalidade do soneto


Hélio Consolaro

Lançar um livro é emocionante, é como ter um filho. Ele, às vezes, vai crescendo e se embelezando. Outras, vai se enfeando, porque a matriz genética não era lá aquelas coisas.

Se for o primeiro livro, por mais humilde que seja o autor, sempre aguarda um sucesso maior do que ocorre. Filas enormes nas sessões de autógrafos, todos os jornais escrevendo loas de sua obra. Exemplar em cada biblioteca, com o nome do autor na lombada gravado. Êxtase.

Depois vem um abatimento, uma depressão, porque as expectativas foram traídas. Os inteligentes amadurecem, descobrem que mais vale a realização pessoal do que o glamour. Não se faz um poema para que uma platéia aplauda, mas para que a interioridade amadureça, nos descubramos como pessoa.

Como escriba mais velho, editor da Somos, sinto isso nos escritores ávidos por publicação, doidos por visibilidade de sua obra. Assim, conheci o cirurgião plástico de Penápolis, Dr. Smiley Castelo Branco, sonetista de primeira grandeza.

Quando ele me mostrou alguns de seus sonetos na Livraria Sophia Bookstore, no início de 2007, em Penápolis, fiquei surpreso, pois os jovens até admiram essa tradicional forma poética, bem fixa, medida, quase matemática, mas poucos se atrevem a praticá-la como exercício.

Logo me veio a imagem do professor de Literatura John Keating, personagem do filme Sociedade dos Poetas Mortos que estimulava seus alunos a arrancar as páginas de seus livros didáticos, dizendo que poesia nada tinha com as ciências exatas.

Smiley me surpreender mais ainda, como poeta calculista, quando me mostrou longos palíndromos de sua autoria. E ao ler O Bisturi e os Sonetos percebi de onde vem essa maestria: do cotidiano de um médico cirurgião que faz dos milímetros do corpo seu espaço de dança diária, sem se esquecer da dimensão humana do paciente. Assim age também no soneto, transferindo o vocabulário científico, como fez Augusto dos Anjos em fins do século 19, e a precisão de seu bisturi.

Ler O Bisturi e os Sonetos é descobrir que de uma cela, como o soneto, nasce a liberdade, com sua plástica onírica.

No dia 14 de junho, voltei à Livraria Sophia Bookstore. Dessa vez, para o lançamento de O Bisturi e o Soneto, do Dr. Smiley. Todo sorridente, recebia os amigos e autografava seu livro com dedicatória personalizada. E como sonetista, se vestiu formalmente de terno e gravata, coerente com o gênero que pratica. É um cearense arretado!

Depois da Expô, no dia 18 de julho, sexta-feira, 20h, na Academia Araçatubense de Letras, o poeta penapolense proporcionará uma noite de autógrafos em Araçatuba.

Pedidos: smiley.castelo@terra.com.br

3 comentários:

Anônimo disse...

Li este livro e o considero ótimo.
Página 37 -"Tempestade"- Maravilha!

Sylvia Feitosa disse...

Claro que li e reli! rss . me identifico com muitos dos poemas, entre eles; "Pai" e "Minha filha, minha dor"

Anônimo disse...

Não li, ouvi comentarios, tambem gosto de sonetos, tenho curiosidade e vou ler com a certeza de que irei enriquecer minha alma, em breve estarei lendo o que me facinou...BISTURI, milimitros...cortes pra embelezar... e disso fazer sonetos...grande abraço dr. Smiley