
O boteco Bate Forte fervia de barrigudinhos que comemoravam a sexta-feira, Dia Nacional da Cerveja. Faca Amolada e Caneta Louca, esbaforidos, corriam por todos os lados. Os pedidos vinham aos gritos:
- Uma quadrada bem gelada!
- Uma porção de calabresa!
O primeiro gole era sempre para o santo Onofre, que, em seu nicho altíssimo, observava impassível o ser humano e suas fraquezas.
Seu Sugiro gritava da calçada:
- Sugiro espetinhos de filé miau!
Os pedidos choviam na churrasqueira, instalada na calçada. Dona Assunta administrava a cozinha. Amelinha, a filha, ficava no caixa, recebendo, passando cartão de crédito e marcando. A placa “Fiado só amanhã” era apenas uma formalidade.
A dupla Marmita & Passa Fome cantava músicas de Tião Carreiro. De repente, chegou um candidato a vereador, Zé das Garrafas, 515151, com uma placa:
- Venho ao Bate Forte, mostrar trabalho antes de ser eleito. Ponho aqui uma placa de advertência, preservando a integridade física dos barrigudinhos: “Travessia de Bêbados”, como a que existe em Santos.
Todos bateram palmas amarelas, meio sem graça. Subversivo perguntou-lhe:
- Escuta, meu senhor, quem é bêbado aqui? Nós apenas nos divertimos no boteco do Faca Amolada. Bêbado deve ser seu avô!
Todos o aplaudiram de pé. Magrão acrescentou:
- O senhor está parecendo um candidato a prefeito que disse que vai dar cesta básica ao funcionalismo municipal, pois, se der vale, os funcionários vão comprar bebidas alcoólicas no supermercado. Chamou todo o funcionalismo de bêbado!
O Zé das Garrafas, 515151, insistiu em querer fixar a placa. Chegou a tirar foto.
- A rodada da casa será por minha conta!
Os barrigudinhos aceitaram... O candidato virou as costas, a placa foi arrancada, quebrada, jogada longe.
Miltão ficou frustrado. Não vai ter briga hoje? E a cerveja paga pelo candidato era da boa!
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