Hélio Consolaro
Recebi e-mail do leitor Pedro Henrique Gasparini em que comenta a crônica “Morreu um xavequeiro”, de 21/8/2008, quando este croniqueiro homenageou o cronista Lourenço Diaféria, morto em 16/8/2008. No texto, genericamente relatei uma da visita de Lourenço Diaféria à redação do extinto “Jornal A Comarca”, Araçatuba. Ao introduzir o assunto, usei a tradicional expressão: “conta a lenda que...,”
Pedro afirma que Diaféria esteve realmente no extinto jornal numa visita rápida, depois de outros compromissos
Segundo Pedro, estavam na redação o Márcio Polidoro, na época redator e ele, chefe da oficina e linotipista. E Lourenço Diaféria, no texto, comentou sobre o convite do Bira, citou os nomes dos três, a cidade do interior que também tinha uma Praça Rui Barbosa... E enquanto escrevia, Pedro e Márcio não acreditavam que estavam diante do famoso cronista da Folha de S. Paulo. Terminou a crônica rapidamente no papel jornal e entregou a eles. Pediram-lhe que a autografasse, pois o visitante era muito importante. Imediatamente, Pedro Henrique foi para a linotipo e compôs o texto de Lourenço Diaféria para felicidade dos três e dos leitores.
Quando Pedro chegava ao jornal no outro dia, a primeira coisa que fazia era juntar os originais das matérias que saíram no dia, enrolava-os no jornal do dia e arquivava-os.
Com o texto de Diaféria, foi diferente. Pedro, conta ele, separou o original da crônica e levou-o até o Márcio Polidoro e disse: “Vamos colocá-lo num quadro?”. Ele respondeu: “Merecia, mas vou ficar com o original. Não é qualquer um que tem um original da crônica do Lourenço Diaféria, assinada e citando nossos nomes.”
Pedro não sabe se o Márcio Polidoro, que não mora mais em Araçatuba, ainda está com o original, mas promete perguntar-lhe num futuro encontro entre ambos.
Meu mano Gegê também meteu sua colher de pau no angu. O cronista Lourenço Diaféria era agente fiscal de rendas. Ingressara no Fisco em 1959 e se aposentara em 1990. Foi preso, sim, em 1977, pela ditadura militar, mas era um homem do sistema.
E contou uma particularidade. Por ser Diaféria muito querido entre seus pares, fiscais, a legislação lhe abriu um precedente. Na lei que regulamenta o exercício da função, permitiu que os ocupantes desse cargo exercessem outros empregos, como o de professor e os ligados à difusão cultural, incluindo na difusão cultural o jornalismo, dando oportunidade ao colega Diaféria, com isso, a engrandecer a sua categoria profissional.
Embora o cronista seja um xavequeiro, é um bicho querido pelos leitores.
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