AGENDA CULTURAL

4.6.09

Cem anos, cem personalidades

Aquarela de Dayton Roger ilustra a capa do livro
Hélio Consolaro

Editando o livro “Nos trilhos do centenário – Passageiros de Araçatuba” que homenageia em forma de crônica 100 personalidades da cidade no decorrer de seus 100 anos, tive um sentimento retrô.
A vida borbulhou em cada pessoa homenageada, sonhos acalentados. Alguns realizados, outros, não. Lutas insanas. Toda aquela trajetória irrequieta se reduziu a um pequeno texto e a uma foto. Os mais anônimos tiveram apenas uma lápide com nome, datas de nascimento e morte num cemitério abandonado.
Baixou em mim uma tristeza, por eles e porque também serei isso. A correria, os conflitos, os momentos felizes, se eu tiver sorte, posso virar apenas um texto, um fotografia, uma biografia.
Matei essa deprê momentânea no ninho:
- Consa, você tem essa vida agitada só para garantir presença na calçada da fama?
Tenho certeza de que não. Fazemos tais loucuras para ser feliz, sentir-se útil, ser amado naquele momento. Se eu não fosse essa criatura agitada, ligada na tomada de 220 V., com certeza cairia em depressão. Como escreveu Rubem Alves: é mais fácil trabalhar demais do que ficar sem fazer nada. Ficar totalmente à toa é uma arte.
Com a coordenação dos fascículos “Araçatuba 100 Anos” da Folha da Região, tomei um banho de história, pois tive que ler todos antes de serem impressos. Mas era a saga de uma coletividade na construção de uma cidade, no sentido macro.
Com a edição de textos de meus companheiros da Academia Araçatubense de Letras e do Grupo Experimental, tomei um banho de exemplos positivos (os negativos foram esquecidos, pois se tratava de homenagem). O jeito com que cada pessoa homenageada contribuiu com a construção da cidade. Era o sentido micro.
Apesar de repudiar o saudosismo, tive uma síndrome de valorização do passado, de sentir mais a cidade como minha, valorizar cada esquina. Meus amiguinhos do bairro Santana, da zona rural não estão no livro, porque a história é feita de vencedores (ou de um perdedor visionário, que, apesar de perder, construía o futuro).
Os fascículos deixaram para trás muita coisa, porque era objetivo, poucas páginas e por limitação da própria equipe. Então, Ana Eliza Senche resolveu fazer um trabalho capilar, descer à vida das pessoas, homenagear quem fez o nome de Araçatuba nas artes, na administração pública, etc.
Foi trabalho de quase dois anos de uma equipe de 32 escritores, que pesquisaram, trocaram textos, participaram de muitas reuniões.
Em 11 de junho, feriado de Corpus Christi, a partir das 19h, quando a Folha da Região completará 37 anos, será a noite de lançamento do livro “Nos trilhos do centenário - Passageiros de Araçatuba”. Haverá a apresentação da Orquestra Municipal de Sopros (Araçatuba) e do Coral Paulistano ACASP - Associação Coral Adventista de São Paulo, que cantará ambém o Hino de Araçatuba.
Cem anos, cem personalidades, o individual no coletivo.
VEJA ABAIXO RELAÇÃO DE AUTORES E HOMENAGEADOS.

3 comentários:

Rita Lavoyer disse...

Professor Hélio, estou muito feliz por ver concluído um trabalho de pesquisa que me proporcionou tanta alegria. Conheci e se tornaram meus amigos alguns familiares e amigos dos homenageados confiados a mim os textos de suas vidas. Obrigada ao senhor,professor Hélio,e ao Jornal Folha da Região que nos confiou, aos meus amigos do Grupo Experimental e a mim, a fantástica responsabilidade de imortalizar pessoas que tanto contribuiram para o crescimento desta Araçatuba. Foi uma honra, professor, fazer parte desta equipe. Obrigada RITA LAVOYER

Anônimo disse...

Quem é o José Marcos Taveiro? rs rs Deve ter ficado sensacional, amigão. Conte com minha presença!

Maria Cecilia SM disse...

Olá! Belíssimo trabalho na capa do livro. Parabéns ao artista.

Mais um livro sobre Araçatuba e seu desenvolvimento. Será que nessa edição se lembraram de meu avô, Benedito Rodrigues do Prado?
Nome de rua e de bairro (Jardim do Prado) deve ter feito algo de bom e permanente pela cidade, não é mesmo?

• Veio junto com a NOB, menino vendia balas no trem
• Abriu sua loja, Casa Prado, que fornecia para os acampamentos da NOB
• Casa Prado fornecia desde o arado até o linho e porcelanas mais finos
• Primeira bomba da gasolina era na porta de sua loja
• Agente da Cruzeiro do Sul, trouxe o avião
• Fundador da Associação Comercial
• Fundador do Araçatuba Club
• Distribuidor do jornal "O Estado de São Paulo"
• Primeiras casas de tijolos de Araçatuba ele mandou construir (e arranjou local para Dr. Plácido Rocha vir morar)
• Manteve a "1ª usina de açúcar" funcionando no Traitú após a morte de seu sogro Raphael Galvez, o espanhol
• Fundador da Santa Casa junto com Dr. Perez
• Fundador do Banco Noroeste
• Membro do Rotary Club desde 1947
• Fundador da Maçonaria
• Delegado de polícia
• Etc...

Marco Antonio Prado, Maria Ineida Benez do Prado Faganello, seus descendentes e, sua nora, Ineida Benez do Prado, ainda residem em Araçatuba e podem ser consultados.

Muito me admira tantos escrevendo tanto sobre o mesmo assunto e mesmo assim não conseguirem se aprofundar no conteúdo, baseando-se em matérias de praxe e livros incompletos ou tendenciosos. Penso que os registros devem estar nos anais da Câmara da cidade e nos arquivos do Museu.

O único cronista que faz referências ao meu avô é Napoleão Xavier. Aliás, faz referências ao muitos esquecidos personagens que construíram Araçatuba e que não aparecem na história da cidade. Os que aparecem vieram muito depois quando as picadas já estavam abertas e as pedras do caminho já haviam sido afastadas e, hoje, deitam em cama de louros.

Vou sugerir ao “Napô" que escreva a "Crônica dos Esquecidos" e publique no jornal de sempre.
Jornal esse que, por incrível que pareça, realizou os Cadernos do Centenário fazendo pesquisas muitas e se esqueceu de olhar nas suas próprias páginas, nas Crônicas do Napô, aonde meu avô é citado como "Seo Pradinho"...

Não sou uma neta de 10 anos achando que ninguém gosta de meu avô, como sugeriu a resposta do e-mail que mandei ao referido jornal e se a família quisesse mandasse fatos sobre a vida dele para serem analisados.

Triste daqueles que não sabem de onde vieram...

Maria Cecília