AGENDA CULTURAL

14.11.09

José Laerte Guilhen: um senhor professor

José Laerte Guilhen


Autor: Hélio Consolaro

BIOGRAFIA
José Laerte Gilhen, 27/10/1947, em Presidente Bernardes-SP. Filho de Francisco Guilhen e Elvira Gomes de Faria. Fez o ginásio na sua terra natal e o Curso de Magistério (Normal) na vizinha Santo Anastácio-SP. Em 1968, mudou-se para Rosana-SP, onde foi lecionar para as primeiras séries (de 1.ª a 4.ª). Viajando em fins de semana, fez o Curso de História em Tupã, concluindo em 1973. Foi vereador, representando o distrito de Rosana no município de Teodoro Sampaio-SP. Em 1980, mudou-se para Araçatuba, escolhendo cargo na EE Prof. Genésio de Assis, onde se aposentou em 2000. Leciona atualmente na escola particular Thati-Coc.

Não sou muito de fazer loas. Já me disseram que elogio é uma forma de comprometer o outro, prendê-lo aos pés do elogiador. As mulheres, por exemplo, adoram galanteios masculinos. Assim, elogiar é uma forma marota de conquistar.

Que interesse tenho em elogiar o professor José Laerte Guilhen? Conheço-o há quase 40 anos, já teve todas as oportunidades de trair minhas expectativas e não o fez. Aliás, quando o conheci, eu me achava melhor que ele; hoje, não tenho mais tal convicção.

O único defeito dele é ser um espanhol pão-duro e não comprar nada a prestação, mas isso parece mais uma virtude nesses dias de crédito fácil. Defeito mesmo, José Laerte tem um, incurável: ser corintiano. Ele tem a petulância de dizer que não é um torcedor radical, como se existisse corintiano moderado.

Havendo uma cervejinha na roda, ele anima a todos com suas expressões hiperbólicas, contando seus “causos” e piadas. Em Presidente Bernardes-SP, onde nasceu, não teve um moleque de sua infância em que ele não tivesse dado um murro na cara. Ele não inventa, apenas aumenta, exagera.

Ultimamente, apesar de ainda estar com o giz na mão, esse prazer está sendo tirado por uma dor de cabeça que lhe dá de vez em quando, que parece um curto-circuito. Está proibido de alegrar o espírito com uma cervejinha.

José Laerte é o único, dentre os irmãos, que abraçou o magistério. Garante que não tem vocação para a sala de aula, por isso o seu sonho ainda é ter um caminhão furgão para fazer pequenos carretos, mas quando as economias estão chegando ao valor do caminhão, a comadre Edna, sua esposa, inventa qualquer investimento e passa o rodo em sua poupança. Deve ser por isso que é bem-sucedido como professor. Se tivesse predestinado, talvez não seria tão simpático a seus alunos.

Conheci o Zé Laerte em Rosana-SP em 1972, quando eu começava meu magistério, e ele já tinha alguns anos de sala de aula. Ele já me socorreu em várias situações e me tirou de cada fria... Garanto que por ele conheci a experiência de ter um amigo.

Ao passar no concurso público em fins da década de 70, escolheu Araçatuba, justamente a vaga da Escola Estadual Genésio de Assis, onde também lecionava este croniqueiro. Já que não havia vagas em Rosana, Bernardes e Osvaldo Cruz (terra da esposa), escolheu Araçatuba. Terra de amigos: Tânia e Tito Damazo, Damião e Márcia, Val e Sidnei. Hélio e Helena. E se aposentou na mesma escola, mas continua a lecionar na Thathi-Coc de Araçatuba, sem mudar seu jeito de explicar História.

Nos seus 40 anos de magistério, passaram muitos modismos pedagógicos e José Laerte sobreviveu a todos, sem a febre de aderir. Aproveitou aqui e acolá alguma coisinha boa dos “ismos” e seguiu sua caminhada pedagógica. De informática, aprendeu a mandar e-mail, porque a sua atual escola exige no envio das provas.

José Laerte aprendeu com seus pais a ser gente, mas bondade lhe é congênita.


Crônica publicada no livro ESTAÇÃO SALA DE AULA, editora Somos, que homenageou 100 professores de Araçatuba no dia 15/10/2009.

Um comentário:

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...

O senhor, Palmerense. O agora homenageado, Corinthiano. Só falta saber qual o time do professor Tito..Pai, por que o Senhor abandonou os meninos de Rosana?