AGENDA CULTURAL

5.6.11

Marcha das Vadias protesta contra o machismo



Cerca de 300 manifestantes foram às ruas contra a responsabilização da mulher nos casos de violência

Cerca de 300 pessoas se reuniram na avenida Paulista para a Marcha das Vadias, que saiu às 15h35 deste sábado, dia 4. Os manifestantes protestaram contra a responsabilização da mulher nos casos de violência e variavam da estudante Ágatha Antunes, 22 anos, que se produz em estilo pin-up nos finais de semana, ao professor Paulo Fernando de Souza Campos, 44 anos.

“Tem gente que acha que as mulheres gostam de ouvir vulgaridades. E nós não estamos nem um pouco confortáveis com isso”, justifica Ágatha. “Nos tribunais, quando se queixa de violência, a mulher ainda é considerada a sedutora, como se tivesse provocado. Historicamente, esse papel foi imposto para ela, chega de submissão”, diz Paulo.

Algumas mulheres foram às ruas de minissaias, lingerie, decotes e maquiagens carregadas, mas a maioria preferiu enfrentar o frio paulistano mais agaslhada. Segurando cartazes com frases como “Ensine os homens a respeitar, não as mulheres a temer”, e “Chega de engolir, está na hora de cuspir”, a marcha desceu para a rua Augusta, onde fica o Comedians, teatro de stand up comedy de Rafinha Bastos, integrante do programa CQC. Lá, aos gritos de “Estupro não é piada, machismo mata”, os manifestantes protestaram contra uma piada que Rafinha fez no twitter, dizendo que mulheres feias deveriam agradecer ao serem estupradas. Ao perceber a aproximação da marcha, funcionários do local baixaram as portas rapidamente. As manifestantes colaram cartazes com mensagens anti-violência.

Mais tarde, o comendiante Danilo Gentili, também do CQC, saiu do local e comentou: "Eu acho que está certo fazer a marcha. Eu falo o que eu quero, o Rafinha fala o que ele quer e as manifestantes falam o que elas querem. Enquanto for assim está bom."

Organizada por Madô Lopez, 28 anos, redatora, e Solange Del Ré, escritora, 30 anos, a marcha reuniu menos gente do que as 2500 mulheres esperadas. "O importante é colocar o assunto em pauta, independente de quantas pessoas puderam vir. Não poder vestir o que se quer é um atraso", afirma Solange. “A gente sabe que tem mulheres sendo espancadas no Brasil. Mulheres que são estupradas por causa da roupa que estão usando”.

Inspirado na Slut Walk de Toronto, que protestou contra a afirmação de um policial de que as mulheres não deveriam se vestir como vadias para evitar estupros, o protesto foi pacífico. Desde a primeira marcha, já foram 15 eventos, e ainda há mais dezenas marcados até outubro. No Brasil, além da manifestação deste sábado, as organizadoras esperam reunir mais mulheres no próximo dia 18, em Belo Horizonte e em Brasília, ainda sem data.



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