Hélio Consolaro*
Publicado em O Liberal Regional, de 01/10/2011
Quando o prefeito Cido Sério (PT) fez a reforma administrativa na Prefeitura de Araçatuba e criou a Secretaria de Mobilidade Urbana, não foi meramente um ato administrativo ou a instalação de um cabide de emprego.
Secretarias são ferramentas importantes no encontro de soluções dos problemas do município. E o nome que elas recebem tem a ver com a visão política de seu criador, no caso, o prefeito Cido Sério.
O centro de Araçatuba foi planejado quando carros começaram a surgir (1908). Eram poucos e lentos, nem haviam chegado por aqui. O seu traçado foi realizado pensando mais em carroças e charretes. Hoje, a cidade está com excesso de veículos motorizados, não é mais possível parar defronte à loja, ao banco ou à escola onde queremos executar alguma tarefa. Devemos dar mais voltas e caminhar mais. Para a saúde é bom, andar é preciso.
Mobilidade não é apenas sinalizar ruas, dar vazão aos veículos, cuidar dos transportes coletivos, mudar a mão de algumas ruas. Ela ultrapassa essas estreitas fronteiras. Já ficou provado, por exemplo, que 1% da população paulistana anda de carro (uma pessoa em cada carro), e é essa minoria que faz o trânsito da cidade de São Paulo um inferno. O restante, 99% da população da capital paulista, usa outro veículo, às vezes, tem carro, mas o deixa em casa. A política de rodízio é uma medida para disciplinar a mobilidade urbana.
Se o prefeito Cido Sério tivesse criado uma secretaria de trânsito, certamente, estaria revelando uma visão conservadora do problema. Se ele criou a Secretaria de Mobilidade Urbana, sob o comando do coronel Paulo Arcanjo Cruz, com certeza, a política que ele deseja tomar é a do pedestre em primeiro lugar. O motorista é pedestre, o motoclicista também, ou seja, o ser humano em primeiro lugar.
Para o diretor de desenho urbano de Nova York, Alexandros Washburn, em entrevista à Folha de São Paulo: "caminhar é a atividade mais importante nas cidades. Cidades são projetos de longo prazo. Os carros estão em primeiro lugar há 50 anos. Agora é a vez do pedestre. É uma questão de equilíbrio, não de eliminação”.
Essa é a política da mobilidade urbana.
Paulo Arcanjo Cruz Secretário da Mobilidade Urbana- Araçatuba-SP |
Conversando sobre o assunto com um amigo, ficamos contando quantas pessoas havia dentro de cada carro que passava na rua Duque de Caxias, em Araçatuba. Resultado: para cada dez veículos, apenas um tinha mais que um ocupante. Uma pessoa, sozinha no carro, ocupa espaço excessivo nas ruas, só pode gerar engarrafamentos. Cada um quer expor à sociedade seu totem de consumo.
Araçatuba tem a tradição da bicicleta. Um veículo que não polui e exercita o ciclista. Implantar ciclovias, por exemplo, é uma alternativa. O ideal era deixar apenas bicicletas transitarem pelo centro de Araçatuba. As pessoas parariam os seus carros a certa distância, encontravam bolsões de empréstimos de bicicletas da Prefeitura, iam até bancos e lojas, e voltavam para seus carros, devolvendo a bicicleta ao bolsão.
Quando o Oscar, dono da Roda Livre, grita nas reuniões e assembleias por ciclovias, não está pensando apenas em seu comércio, aumentar a venda de bicicletas. Certamente, o ciclista consciente usa o veículo por uma questão de sustentabilidade, porque deseja poluir menos o seu ambiente. Bicicleta não pode ser visto como veículo de pobre.
Parodiando Albert Einstein, é mais fácil quebrar um átomo do que mudar a mentalidade de uma pessoa, mudar nossos hábitos, mas isso não pode ser motivo para desistir. Muita coisa já mudou. Inclusive ter Cido Sério na Prefeitura de Araçatuba.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário de Cultura de Araçatuba-SP
2 comentários:
estou de de acordo,temos que mostrar aqui no interior que pode dar certo esta idéia.
ABSURDO!!!
Não consigo acreditar nisso, uma cidade de apenas 180.000 hab como pode administradores público pensar assim? São loucos ou incompetentes mesmo?
Araçatuba tem o pior trânsito do Brasil, isso já foi divulgado em todo o País, eu trabalho em São Paulo capital há 25 anos e moro em Araçatuba há 5 anos, nunca fui envolvido em acidente de Trânsito em São Paulo, pois as pouquíssimas vezes que dirijo em Araçatuba me envolvi em acidentes de trânsito por 6 vezes, e te pergunto: Quem esta certo? Sou especialista em trânsito urbano, e noto que a cidade tem os piores condutores que se possa imaginar diante do CTB, suspeito da qualidade dos auto escolas, a cidade tem a pior sinalização de trânsito que se possa imaginar, não condis com as normas regulamentadora do Denatran, é uma pobreza só a cidade como um todo, em especial na cultura, condutores educados faz a diferença, quem dirige em Araçatuba dirige bem no Rio, Goiânia, Campo Grande, Belo Horizonte, mas não consegue dirigir em São Paulo a qual é considerada a cidade brasileira mais sinalizada, e também não tem problemas com dinheiro para obras de infraestruturas para o trânsito e os motoristas mais educado do Brasil são os Paulistanos, Araçatuba preocupada com trânsito carregado, isso é mesmo uma boa PIADA.
Eu tenho vergonha de Araçatuba em tudo, inclusivo do trânsito.
Aviso as autoridades de trânsito de Araçatuba: Parem de brincar com coisa séria, não sejam ridículos plagiando frases dos noticiários da capital, sejam originais.
Recado ao Prefeito: Sr. Sério, contrate um engenheiro da CET de São Paulo, procure o BNDS (porque você vai precisar de muita grana), e comece a mudar esse trânsito para carroça de Araçatuba.
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