AGENDA CULTURAL

15.10.11

Teatro Castro Alves - questão de ideologia


Hélio Consolaro*
Artigo publicado no jornal O LIBERAL REGIONAL, edição de 15/10/2011


O Festival de Teatro de Araçatuba teve sua reabertura na sexta-feira, 14/10/2011.. O prefeito Cido Sério (PT) destinou R$ 500 mil para a Secretaria Municipal da Cultura para que a reforma da casa de espetáculos fosse concluída. A parte de dentro ficou pronta, a externa será terminada em breve. Não se trata de inauguração, mas de uma ocupação.

O teatro não funciona desde 1990. De 1990 a 1999. funcionava apenas para ensaios.  O ex-prefeito Jorge Maluly Neto devolveu o teatro São João para o Círculo Operário, pois considerou na época o pagamento do precatório um absurdo, mas prometeu terminar o Castro Alves.

Ensaiou-se uma reforma, que foi iniciada, o ex-prefeito ganhou umas cadeiras velhas de uma entidade paulistana, gerou-se uma polêmica danada no mundo cultural de Araçatuba. E tudo virou uma promessa que não foi cumprida: devolver o teatro funcionando nas comemorações do centenário fora uma promessa.

Nem a “prefeita centenária”, como secretária da Cultura por alguns anos, nem como vice-prefeita, articulou o término da casa do então prefeito Jorge Maluly. Mesmo em seu mandato tampão de 4 meses moveu um passo. Assim, a cidade perdeu o teatro São João e não teve o Castro Alves recuperado. A cidade comemorou pifiamente o centenário em 2008.

O Castro Alves sem funcionar foi um dos itens da herança recebida pelo atual prefeito Cido Sério. Quando fui nomeado secretário da Cultura por ele, percebi que havia a cabine de força, mas faltava o transformador. Com o orçamento de 2009, compramos o equipamento que foi instalado em 2010. Com energia funcionando, pudemos transferir para o “foyer” a sala de exposição do Museu Araçatubense de Artes Plásticas (MAAP).

Durante a inauguração da nova sede do MAAP, fiz questão de levar a vereadora Durvalina Garcia (PT) e o prefeito Cido Sério até o teatro, mostrar-lhes em que estágio tudo estava parado. Ver sensibiliza mais.

Assim que a Prefeitura havia terminado a transação com o Santander, o prefeito Cido Sério me chamou ao seu gabinete e me deu a boa notícia que foi transmitida por ele à imprensa: “vamos terminar o teatro Castro Alves”.

A oposição vai torcer o nariz e dizer “Não fez mais que a obrigação”. A situação está dizendo que o prefeito Cido Sério vai terminar o Hospital Modelo da cultura de Araçatuba. O cidadão vai reconhecer que aplicar dinheiro nisso ou naquilo é uma opção do gestor público. Se os prefeitos anteriores protelaram a obra do teatro foi porque não a priorizaram.

Se formos somar o dinheiro gasto com o Castro Alves (R$ 300 mil e agora mais R$ 500 mil), daria para construir um teatro maior, carência de Araçatuba. Mas o Castro Alves não é um teatrinho qualquer de 220 lugares, ele foi um local da resistência à ditadura militar, quando o presidente do Intec – Instituto Noroestino de Educação e Cultura – era Franco Baruselli.

Peças teatrais antológicas, atores e atrizes famosos, cantores da MPB pisaram aquele palco, dentre eles Marília Pera e Vinícius de Moraes. Nessa época, o prefeito Cido Sério e este secretário frequentávamos o local.

Ainda não houve a reinauguração do teatro Castro Alves. Durante o Festara, ocorre uma ocupação. A reinauguração não será uma festinha qualquer, porque terminá-lo foi uma questão de ideologia. Quem esteve ao lado da ditadura, certamente não tinha muito interesse em recuperar aquele espaço.   

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário da Cultura de Araçatuba-SP.  

4 comentários:

HAMILTON BRITO... disse...

Congratulo-me e parabenizo o senhor prefeito e seu secretario por ter devolvido à Araçatuba o teatro Castro Alves. Naquele tempo eu o frequentava também e o fato, sem importar de que questão seja , merece os maiores elogios. E a oppsição tem razão: nao fizeram mais que a obrigação, obrigação à qual nao deram nenhuma atenção

Alexandre Sônego disse...

Parabéns Hélio e CIDO!

Não gosto quando, você professor, escreve comparando os mandatos, bem como seus feitos. Fiz tanta coisa pela cidade e sinto que não passou de minha obrigação ter feito. E como bom escoteiro, mantive firme o lema "FAZER O MELHOR POSSÍVEL".

Sei que fiz tudo o que pude fazer, mesmo com todas as dificuldades, sejam elas políticas, econômicas, logísticas e estruturais.

Contei com o amor dos artistas, com o apoio irrestrito do Governo Estadual e com a determinação dos funcionários da Secretaria de Cultura.

Conseguimos muito para a cidade, fomentando oficinas por intermédio das Oficinas Culturais "Silvio Russo", Projeto GURI, etc
E realizamos muita difusão cultural, em todos os bairros, nos quatro cantos da cidade.

Por isso professor, "bola pra frente" valorize o que fizemos também, o que a Professora Marly Garcia fez, pois tanto eu quanto ela não pedimos para sair no meio da adversidade financeira e política. Quem ama causa, não escolhe as armas!

Já te disse pessoalmente e sempre manterei a minha admiração e respeito, mas já é hora de você respeitar a história e o esforço de quem já fez.

O teatro Castro Alves era compromisso do Maluly para o centenário, ele perdeu o cargo e consequentemente minha
equipe, tornando inviável a concretização desse sonho! Mas se tem alguma dúvida do meu esforço para concluir o teatro, pergunte para o atual presidente do DAEA, engenheiro da empresa que realizou a adequação elétrica do espaço! Pergunte para a Marta (CULTURA) o quanto tentamos para reformar as poltronas e as instalações!

Estarei na inauguração, aplaudindo o prefeito Cido, você, toda sua equipe e a classe artística de Araçatuba, mas sentirei orgulho por ter colaborado para essa conclusão também!

Vida longa professor, com muita sabedoria e um pouco de gratidão!

Att.

Prof. Alexandre Sônego de Carvalho



P.s. Parabéns pelo nosso dia!

ELAINE SALLAS disse...

QUE ESSE SEJA O PALCO DE MUITOS E MUITOS OUTROS GRANDIOSOS, ATORES, CANTORES, POETAS. QUE ESSA CIDADE POUCO A POUCO TENHA DE VOLTA TUDO O QUE SEMPRE MERECEU TER.
VIVA A CULTURA, VIVA O TEATRO.
O QUE É DO POVO, SEJA DEVOLVIDO AO POVO.

Anônimo disse...

na primeira vez que li essa matéria tive a impressão de ler algo sobre o prefeito sonhar com um teatro para 500 lugares até o final de seu mandato... isso estava escrito?