AGENDA CULTURAL

20.3.12

Uma vida repleta de paixão e amor-próprio

Por Ilana Ramos - www.maisde50.com.br
Você ainda não conseguiu terminar de pagar a casa própria, já se divorciou duas vezes e seus filhos nem moram mais na mesma cidade que você. A vida nem sempre é fácil. Ter visto tanta coisa ao longo dos anos pode ter feito com que a vida tenha perdido um pouco da graça e as novas rugas e cabelos brancos que teimam em aparecer também não ajudam. No entanto, você ainda vai ter mais 30, 40 ou até 50 anos de vida pela frente e começar a encará-la com paixão a partir de agora pode fazer a passagem dos anos parecer muito mais leve e suave.

Sim, a vida hoje em dia dura bastante. De acordo com o psicólogo especialista em geriatria e gerontologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Wallace Hetmanek, "antigamente, não era comum vermos pessoas com 70 ou 80 anos pelas ruas. As pessoas morriam 'velhas' aos 50. Há 100 anos, a expectativa do brasileiro não passava de 35 anos e, hoje, está acima dos 72. Apesar da possibilidade de podermos viver até acima dos 90 anos, não conseguimos ainda assimilar essa informação do ponto de vista emocional e psicológico. Desejamos viver, mas temos receio de que o nosso corpo não funcione ou reaja bem".

Pesquisas sobre a longevidade e as possibilidades do futuro estão sendo realizadas no mundo inteiro. E os avanços na área não param. "Estamos diante de mais uma mudança de paradigma e nos virando para acreditar que em breve seremos capazes de viver 150 anos, como demonstram grandes pesquisas pelo mundo, como o projeto SENS, liderado pelo pesquisador Aubrey de Grey, que movimenta milhões de dólares em todo o mundo. Os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Brasil já conta com uma população de 17 mil centenários. Para vivermos mais 50 anos, precisamos querer, ter disposição para isso", enfatiza Wallace.

A vida não é fácil para ninguém e, quanto mais anos se passam, a tendência é realmente desacreditarmos da possibilidade de felicidade e plenitude. No entanto, Wallace diz que "para começarmos a discutir sobre a paixão pela vida, se faz coerente entender o motivo pelo qual a perdemos. Essa energia vital se traduz de diferentes formas no cotidiano. Há quem a dedique quase integralmente ao trabalho e tem seu significado de vida desestruturado com a chegada da aposentadoria. Outros desistem de seguir a vida sem o companheiro que adoeceu ou faleceu, por referir que não existe qualquer motivo para fazê-lo sem a pessoa amada. Apesar de compreensível, é também uma decisão pautada na dificuldade de 'seguir em frente apesar de tudo', assim como traz à tona a profunda dificuldade em reorganizar a vida".

Para quem acredita que à medida que envelhece está com os dias contados, engana-se plenamente. "Tive o privilegio de conhecer um grande homem, Rolando Toro, quando este comemorava seus 80 anos. Rolando foi o criador de uma metodologia chamada Biodanza. Ele costuma dizer que, para se viver em abundância, é preciso praticar o desapego. Dentro de sua metodologia, está a interação em grupo com forma de desenvolver potenciais e isso vale para vida. Ter encontros afetivos com pessoas nos ajuda a equilibrar nossa energia interna e a apontar nossos afetos para o futuro", conta Wallace.

Ainda temos muitos anos de vida pela frente e precisamos, a partir de agora, direcionar os nossos passos para um futuro que seja prazeroso e rico. "Para quem pretende ou gostaria de retomar a paixão pela vida, talvez seja extremamente importante reconhecer perdas, abrir mão do que já se foi, para recuperar e dirigir sua energia vital para o futuro. Reconhecer que a morte de velhice aos 50 anos acontecia no passado e que hoje está na moda se preparar para os 90. Siga esses passos", conclui o psicólogo.

Recuperar a energia vital e direcioná-la para algo que lhe dê prazer e garanta um bom futuro pode ser mais fácil do que se imagina. Veja a seguir sete dicas que o psicólogo Wallace Hetmanek preparou:

1. Faça o que gosta ou recupere atividades que lhe davam prazer.
2. Feche os ciclos em aberto, e se preciso, abra mão daquilo que não está fazendo bem.
3. Reconheça que o limite não precisa estar na idade e nem no corpo, até porque, em geral, está na cabeça de quem pensa assim.
4. Se precisar, procure ajuda. A psicoterapia pode ajudar a nos reencontrar com antigas paixões e desenvolver novas.
5. Prepare sua mente para viver até os 100 anos de idade e além dele.
6. Participe de um grupo que te ajude a perceber que envelhecer não é sinônimo de doença ou de incapacitação.
7. Interaja com pessoas interessantes, mesmo que ainda tenha que encontrá-las.

Um comentário:

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...

Das sete recomendações eu so nao fiz\ ainda procurar psicoterapeuta mas se precisar eu vou. As outras recomendações há muito que procuro fazer. Mas recomendo uma oitava: Nunca sinta pena de si mesmo, nunca se faça de coitado. Só piora. Quanto mais o bicho pegar pro seu lado mais vc deve procurar a balada.