Faleceu em sua casa, por volta das 16h40 o ex-deputado federal e ex-prefeito de Araçatuba Jorge Maluly Netto, 81 anos, vítima de câncer. Maluly Netto recebia atendimento médico em sua residência desde o dia 11, quando entrou em coma. Antes, o ex-prefeito de Araçatuba esteve internado no hospital da Unimed da cidade.
A causa da morte teria sido falência múltipla de órgãos em decorrência de um câncer, que ele lutava desde 2010. Segundo a jornalista e amiga pessoal Roselana Tolentino, no momento em que morreu ele estava acompanhado de familiares e amigos próximos. "É um momento de muita dor para amigos e familiares", disse Roselana.
O corpo do ex-prefeito deixou o condomíno Parque dos Araçás, onde residia com a mulher Therezinha de Faria Maluly, por volta das 18h em um carro funerário escoltado por seguranças. Jorge Maluly Netto deverá ser velado por volta das 22h no memorial Laluce. (Jornal O LIBERAL REGIONAL, 23/5/2012)
Hélio
Consolaro*
O
meu auge como cronista na Folha da Região está ligado ao ex-prefeito Maluly
Neto, que bateu a caçoleta na terça-feira, 22 de maio de 2012, porque ele
reagia às minhas irreverências. Éramos Tom e Jerry. Maluly lia religiosamente a
minha coluna, era o início diário de seu mau humor, mas nunca fiz acusações
sérias sobre a sua administração.
Nunca
explorei o caso do Banco Interior, foi cassado por causa disso como prefeito, pois
eu não considerava que tenha sido a pior coisa que fizera como político, mas o
Direito tem essas armadilhas. O meu
estilo sempre foi de fazer ironias, sátiras. Isso é que o deixava enfurecido,
me tornava inatingível. Fui ao fórum de Araçatuba por muitas vezes por causa
dele, mas me safei de todas. Aliás, numa, ele chegou a ser condenado.
Não
falo mal de ninguém em mesa de bar, não tenho o desvio de personalidade da
maledicência. Na escrita, se vejo uma situação engraçada que dá um bom texto,
perco o amigo, mas não deixo passar a oportunidade. O atual prefeito Cido Sério
conhece bem essa minha faceta.
Em
1984, quando eu era vereador, propus cassar o título de Cidadão Araçatubense
dele, porque havia votado contra as diretas. O projeto não foi aprovado, mas
fiz um bom barulho. Essa foi minha maldade maior contra ele.
Pus
o nome dele em placas, distribuídas pela cidade, denunciando o seu voto no Congresso
Nacional. Maluly Neto não morava ainda em Araçatuba, quase não se elegeu
deputado federal naquela eleição. Ele
chegou a rasgar o paletó nos debates parlamentares em Brasília ao ser contra a
reforma agrária durante a Constituinte.
Em
2004, ele me convidou, via Roselana Tolentino, para fazer parte da equipe de
propaganda da campanha eleitoral dele. Agradeci a confiança. E ela me disse que
sabia antecipadamente ser essa minha resposta. Só revelo isso agora.
Na
festinha de um de meus aniversários, no fundo do quintal de minha casa, pelas
mãos do ex-vereador Nei Giron, Maluly compareceu e me deu uma camisa. Depois
escrevi que ele pensava me comprar com aquele presente. Ficou possesso.
Numa
apresentação cultural na praça João Pessoa, Dona Terezinha sentou-se à mesa
onde eu estava. Maluly Neto ficou rodeando, até que não teve jeito e se sentou
também e me agrediu verbalmente. “Que é isso, doutor, o momento é de festa!” –
respondi-lhe. A esposa interferiu, chamou-lhe a atenção. Aquelas coisas
combinadas entre marido e mulher. Depois de se acalmar, me pediu desculpas pela
grosseria. Conto isso pela primeira vez.
Quando
a primeira pessoa me disse que Maluly Neto havia morrido, automaticamente,
repeti o chavão: “Que Deus o tenha”. Alguns indivíduos, testemunhei isso, disseram:”Foi
tarde”. Como vão dizer também quando eu morrer. Digo que se foi um bom
guerreiro, embora não pugnássemos na mesma trincheira.
As
pessoas menos tolerantes estranham o fato de todo mundo falar bem quando morre
alguém de nosso meio. Trata-se de jogar o holofote no lado bom do falecido,
exaltar suas virtudes. Defeitos, todos temos. Como é um concorrente a menos na vida,
uma trajetória concluída, não pode mais disputar conosco, então, apagamos os holofotes
da crítica e ligamos os do elogio.
Há
indivíduos que têm uma dificuldade enorme de entender as limitações humanas e
como somos hipócritas por natureza. Afinal, o Dr. Jorge (como o chamavam) era
um ser humano. E na política, defeitos e virtudes aparecem com mais força. Apenas isso. As contendas das
quais Maluly participou, e foram muitas, se transformarão em histórias contadas
em roda de amigos. Nem tudo aconteceu, nem tudo foi daquele jeito, riremos
muito daqueles episódios narrados em linguagem hiperbólica. Os seres humanos viram
uma lenda depois de mortos. Só aqueles que viveram intensamente a vida.
Parabéns,
Dr. Jorge. Podem lhe acusar de tudo, mas a sua vida não passou em branco. Não
há mais Raposão Caluli, Sem Apelido, Malula. Agora, somos amigos. Num futuro
próximo, estaremos juntos novamente, sendo santinhos verdadeiros. Espero que só
exista o céu.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário municipal
de Cultura de Araçatuba.
15 comentários:
Sem tirar nem por...é por aí.
um ótimo desabafo. gostei muito de desejar que "tomara que só exista o céu" E realmente, voce pode ter certeza que só ele existe, pois o inferno é aqui, é capeta prá todo lado. Que Deus o receba como já disse voce
Marianice
um ótimo desabafo. gostei muito de desejar que "tomara que só exista o céu" E realmente, voce pode ter certeza que só ele existe, pois o inferno é aqui, é capeta prá todo lado. Que Deus o receba como já disse voce
Marianice
Lembro muito bem na oficina de poesia.
Já me inspirou. "O meu coronel está morrendo".
São palavras arrancadas do íntimo. Em debates políticos, quando a voz cala a escrita se manifesta mesmo como um simples desabafo.
Hoje me lembrei da poesia, vagarosamente.
Simone Leite Gava
Lastimável seu texto sobre Dr Jorge Maluly Neto, principalmente no dia do falecimento do mesmo."Respeito é bom e todos nós gostamos". Não acredito que você tem a formação de professor.É necessário urgentemente rever seus conceitos de respeito e cidadania! Se você faz críticas, dentro do seu direito,deve ter noção também dos seus limites para não ser classificado como imprensa "marron".
Devo dizer que...ah! deixa pra lá. Responder para um anônimo...
Ele é PT, Palmeirense mas é meu amigo daí a minha tentativa de...esqueçamos.
Comentário recebido por e-mail. Não coloco o nome do autor:
Ótima..esta do "Santinho" Maluly...gostei muito...tem um anonimo que discordou de seu comentário:
Até que vc. bateu leve...falaria mais...mas pode deixar...nas rodas de amigos dos "botecos da vida", ele será sempre lembrado... principalmente nesta semana..que o espírito dele não baixou...fdp... e com certeza o inferno não é no céu, é em baixo.
Há...Um dia, aconteceu este fato: Na segunda campanha dele p/ prefeito, estava eu e o Zé Alves, no Newtons Pizzaria, num sábado ao meio dia e tralálás..ouvindo as "canções" do Mario Eugênio....
Olha quem estava pedindo votos na Marcílio Dias...ele...e seus baba-ovos, na maior cara de lenha, esticou a mão para comprimentarmos...
O zé, colocou a mão para trás e disse não vou comprimenta-lo e não vou votar em vc....
O Malulão ficou uma fera véio...Após sua saída, caimos na gargalhadas...Aquele sábado ficou na história...
Bom, eu não fui no seu velório.. prá mim ele e sua família, nem fede e nem cheira... Será que o Zé foi...rsrsrsrsrs...Neste caso não fui hipócrita, e com certeza lá tinha um montão...
Outro comentário recebido por e-mail. Também não ponho o nome de seu autor:
Salve Hélio, bom seu texto...
Me fez lembrar daquela frase do (seu) Charles Chaplin :
"A vida é um palco de teatro que não admite ensaios. Por isso, cante, chore, ria, antes que as cortinas se fechem e o espetáculo termine sem aplausos."
isso é falta de respeito com quem não esta na terra e não tem direito de respota
Porque se tiver outro lugar além do céu, o sr está fudido. Mas estaremos aqui rezando para que Deus tenha misericórdia de sua alma tão impura. Amém. Heitor Gomes.
Tem um brother ai que se doeu com a sua cronica. Não sei não, mas ele com certeza deve ter tido muito privilégio com o finado. Infelizmente tem pessoas que são indefensáveis. Ludibriam a justiça terrena, mas a quadridimensional é inexorável. Amém. Heitor Gomes.
Gostei do comentário do Mirto Fricote. "Sem tirar nem por...é por ai". Ele deve ter pensado muito para escrever isso. Que espetáculo de comentário. Isso é que é ter opinião própria. Heitor Gomes.
Hélio, acho que foste bastante brando nestes comentários ..Não sei como alguém pode reclamar.Mas entendo tua posição.Não é por que o citado personagem sofreu de câncer e faleceu que podemos esquecer a sua atuação como político e ex-prefeito de Araçatuba. Seríamos totalmente hipócritas se assim o fizéssemos. Sua administração e conduta política pautava por um sistema de clã que lembrava a velha Chicago do anos 20, só não concorda com isto quem dela tomava parte e ganhava suas migalhas...Pessoalmente assisti situações esdrúxulas, aonde a FAMOSA CORTE no qual o citado personagem era a figura central, usava e abusava de funcionários públicos municipais, utilizando-se inúmeras vezes da máquina administrativa para benefício próprio; lembro de uma vez em que o citado personagem deu um presente a uma esposa de um funcionário de cargo de confiança pagando com a verba de gabinete...Ninguém me contou, eu vi. Lembro das humilhações de funcionários da assistência social e de outros setores tendo que prestar serviço em horário de trabalho e fora dele com coisas que ABSOLUTAMENTE TINHAM A VER com o SERVIÇO PÚBLICO. E a Cultura então? PURA PIADA DE MAU GOSTO! Artistas da cidade NUNCA FORAM REMUNURADOS, em compensação, os de fora....Ganhavam MUITO BEM, não sem antes apagar as velhinhas e repartir o bolo...
Lembro do FAMOSO CHEQUE EM BRANCO, com o qual a Câmara de Vereadores de Araçatuba, com apenas dois votos contrários, presenteou o ex-prefeito, naquela sessão VERGONHOSA, que tratava do "prometido emprego" dos funcionários da Saúde que havia sido privatizada por foça da LEI e que o ex-Prefeito HAVIA PROMETIDO RECONDUZIR ao emprego, por "influência pessoal" nas empresas que assumiriam esta função. COM ESTE APOIO E ENGANANDO CERCA DE 250 FAMÍLIAS, o citado personagem se reelegeu com diferença mínima da 2ª candidata à prefeitura....No ano seguinte estas famílias
cariam na realidade....Lembro também de POR QUÊ proibiu a ex-Vice-prefeita de comparecer no Gabinete e na Prefeitura, no episódio da MALA PRETA que o representante da Petrobrás carregava e a qual foi motivo de comentário, por que era "pequena demais...." Honrada e muito corajosa a ex-vice-prefeita enfrentou o velho sistema e se recusou a beijar a mão...
Por estas e por outras, não se trata de julgar pessoalmente alguém, até por que alguns de nós somos bem piores. Mas se trata sim de manter a MEMÓRIA HISTÓRICA E POLÍTICA, para que nunca is aconteça de novo!
Discordo quando dizem que só existe o Céu. O inferno é particular e singular, dizia Dante Alighieri em sua Divina Comédia : uma amostra do Inferno pode se experimentar durante os pesadelos. .. Só que com uma fatal diferença: quando mortos não conseguimos acordar.
Nem santo, nem diabo. Um homem que lutou até o último minuto contra um câncer terrível. Se tinha pecados(como todos nós) pagou-os com o sofrimento das semanas derradeiras.
Tenham pelo menos compaixão pela família. Respeitem o luto de quem chora a morte de um ente querido.
Se ele optou por lutar contra o cancer o problema foi dele. Essex salafrario deve estar ardendo no inferno de tantos desvios e ladroagem vide o caso do banco por mim ele que apodreca eternamente.
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