AGENDA CULTURAL

12.7.12

Síndrome do Ninho Vazio é comum em casais depois dos 50

Por Ilana Ramos - www.maisde50.com.br

A gravidez é um dos momentos mais mágicos da vida de qualquer mulher. O primeiro sorriso, o primeiro dente, depois os primeiros passos, até que os filhos crescem, começam a trabalhar, se casam e, finalmente, vão embora da casa dos pais. Da mesma forma que um mundo novo se abre na frente dos filhos, a rotina dos pais também muda muito e é aí que surge a necessidade de eles reaprenderem a conviver sozinhos em casa. Entenda mais sobre a Síndrome do Ninho Vazio e as melhores maneiras de lidar com ela.

Especialistas discutem a real existência da Síndrome do Ninho Vazio, mas é fato que a saída dos filhos de casa muda muita coisa. De acordo com a psicóloga e professora da faculdade de Psicologia do Mackenzie Tania Aldrighi, "este é um termo adaptado da cultura americana que refere-se à etapa do desenvolvimento da família em que os filhos crescem saem de casa e os pais ficam sozinhos e necessitam reaprender a convivência do casal. Existem controvérsias se este termo se aplica a todas as culturas, mesmo porque as relações familiares são bem diferentes quando pensamos numa cultura de origem latina, ainda mais se considerarmos as diferenças de classes econômicas".

A saída dos filhos de casa pode ser muito triste para os pais, mas a maior dificuldade está no reencontro deles enquanto casal. "No modelo tradicional podemos dizer que a mãe tem maior dificuldade, pois teve dedicação integral aos filhos. Porém, hoje em dia a mulher também tem a sua vida profissional e o significado da saída também contempla este outro lado. Uma questão que muitas vezes é esquecida diz respeito ao reencontro do casal com a saída dos filhos, pois durante anos ambos estiveram envolvidos com a educação e desenvolvimento  de seus filhos e esqueceram-se de cuidar do casamento. Então, nesta fase, é comum um estranhamento dos parceiros, além de instabilidade de humor no caso de quem for mais atingido pela saída", lembra Tania.

Os problemas familiares, portanto, estão no cerne da questão da Síndrome do Ninho Vazio, inclusive nos casos em que os pais apresentam sintomas depressivos associados ao evento. "Na verdade, se associa depressão com a saída dos filhos, mas quando esta é observada, é somente resultante de um conjunto de fatores ao longo da história da família e de seus membros que não foram trabalhados e resolvidos anteriormente. E a saída dos filhos é só a 'gota d'água' para um quadro que já vinha se configurando. Para as mulheres com mais de 50 anos de idade, também não se pode pensar numa relação linear mas sim que os fatores mencionados implicam entrar em contato com enfrentar o envelhecimento, um momento de reflexão e avaliação das conquistas pessoais e profissionais entre outras", diz a psicóloga.

E é possível evitar que a mudança de rotina ocasionada pela saída dos filhos de casa afete negativamente os pais, enquanto casal? Para Tania, "trata-se de um processo continuo que a família aprende e desenvolve recursos para resolver e ultrapassar as crises tanto previsíveis e não previsíveis. Se a família está atenta aos desafios e reconhece as limitações e procura resolvê-las da melhor forma possível. Neste sentido é importante reconhecer as necessidades do grupo familiar, mas também reconhecer a individualidade de cada um de seus membros, sendo este um requisito importante para se garantir que, na saída dos filhos, cada um dos pais e, também os filhos, possam passar por esta etapa de forma saudável".

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